quarta-feira, julho 08, 2009

Estava com o livro aberto sobre o colo. Há dias não conseguia parar de lê-lo. Já conhecia a história, o cinema já havia lhe mostrado. Não se importava em já saber o final. Aliás, não entendia essa mania das pessoas em "ah-não-pode-contar-o-final".. As vezes, o livro é tão envolvente em outros aspectos, que o final pouco importa. Ou até mesmo a história já revelada no filme. Não elimina a surpresa de quando vc se encontra com o narrador, aquele que é capaz de te fazer pensar no que nunca tinha pensado, ou então, ler o que nunca conseguiu escrever. O narrador é o único capaz de despir o homem das máscaras, sem culpa, sem julgamentos.
E foi assim, viajando pela história já conhecida que leu "provavelmente, só num mundo de cegos é que as coisas são como verdadeiramente são."

Pensou em quantas vezes olha no espelho durante o dia. Ou então, por que todas as pessoas precisam de um espelho em suas casas. O que tanto é preciso conferir? Lembrou ainda da maquiagem do dia a dia, que esconde as marcas reais do rosto, que cria uma aparência que não é a sua. Para quê? Os esmaltes que cobrem as unhas, as tintas que falseam a cor dos cabelos. As roupas que valorizam isso, escondem aquilo, alongam, encolhem, disfarçam. Qual o propósito de todo esse disfarce do qual ninguém escapa. Repito, NINGUÉM. Se não é na aparência, é no modo de dizer, no estilo, na expressão. Quais são os esforços pra sustentar uma imagem para os outros. Para os olhos alheios, olhos julgadores, implacáveis. Como não podem enxergar a si, julgam o outro. E assim, nos esforçamos pra agradar ao julgamento.

E se não pudessemos ver? Só assim para conhecermos as verdades?
A verdade é que ninguém é capaz de enganar-se completamente.
Ela sabia que podia cobrir com a maquiagem aquela olheira, mas jamais apagaria a noite do sono perdida. Poderia se esforçar para sempre encontrar o seu melhor ângulo nas fotos, e poderia até mesmo se iludir achando que aquela era sua verdadeira aparência. Mas jamais esquecerias suas próprias imperfeições. Tentamos ser cegos o tempo todo. Cegos para consigo. E quem sabe fingindo que não vemos nossas falhas, os outros possam esquecê-las também.

"Se tu pudesses ver o que eu sou obrigada a ver, quererias estar cego"
Pois a única que poderia ver, se depara com a verdade humana e deseja estar cega.
E não é assim que somos? Cegamo-nos nas encenações do dia a dia. E a qualquer princípio de verdade..
Fechou o livro. Porque não queria continuar a ver.

sexta-feira, julho 03, 2009

1 minuto.

É muito ou pouco?

Na aula de jump é muito.
"A música tem só dois minutos". Impossível, ela leva uma eternidade!! Quando vc acha que já faz tres horas que está pulando a professora diz: "Só falta um minuto!!" - Ou seja, mais outra eternidade!!
No semáforo também.. o vermelho dura um minuto, enquanto o verde, apenas 3o segundos. E quando não tem nenhum movimento na rua, parece que ele demora mais ainda! É como se a vida estivesse passando e vc lá, assistindo, parada no semáforo.

Nos comerciais também é muito.. aquele monte de baboseiras que querem te convecer a comprar o produto levam mais tempo do que todo o capítulo da novela, do filme, do jornal, enfim, seja lá o que vc está assistindo. E é impressionante como é caro um minuto na televisão, não? Assim sendo, ele só pode durar muito..

Mas as vezes, um minuto é quase nada. Passa imperceptível.
Quando vc está atrasada e gostaria que um minuto durasse o tanto que dura no comercial da Tv, é obvio que ele não dura.
Quando vc toca o despertador e vc quer dormir só mais um pouquinho, só mais um minuto! Ele não vale de nada. É o abrir e fechar de olhos.
Igual a um minuto de ligação no celular, é o tempo suficiente pra dizer "oimãetochegandobeijomeliga"
É o tempo de deixar queimar algo no fogão,
de perder um ônibus,
de passar a velocidade permitida no radar.
Em um minuto pode acontecer coisas definitivas ou nada.
Vc pode levar um multa ou não conseguir resolver o problema do speedy.
Pode fazer um amigo ou magoar alguém.
Pode fazer emocionar a muitos com um discurso ou criar inimigos com duras palavras.
Pode fechar um super negócio ou arruinar toda a sua fortuna.
Pode ter uma ideia brilhante ou perder o trabalho de onze páginas.
Pode viajar no tempo e lembrar de várias coisas passadas, pode ler uma notícia ou a previsão do horóscopo.
Em apenas um minuto. Um, aparentemente, insignificante um minuto.

Somos cercados de detalhes que desprezamos e assim, esquecemos a importância que eles podem ter para nós. Um olhar de um minuto, uma palavra de um minuto, um beijo de um minuto.. podem durar a eternidade ou esvair no espaço como uma bolha de sabão.

Pra mim. Um minuto vale muito. Mesmo que não valha.