domingo, março 30, 2008

de novo..

Um bom poema deve ser lido sempre.
Um bom poema escrito por uma boa amiga, principalmente.
E esse poema, tão íntimo, tão sincero, tão verdadeiro.. sem encaixa nesse momento..
que passa..e depois volta..e torna a passar...
e por isso, está de novo aqui no blog..

cansada..

Como quando se tenta encontrar
a resposta que não se pode achar
e se sente por fim abater
pela dor de tentar entender
e apenas mais se questionar
estou farta de nunca saber
de apenas tentar acreditar
que se não foi não era pra ser
que algo melhor está para acontecer
que alguém melhor está a me esperar

O tempo consome a fé,
os fatos, a esperança
e quando se olha pra trás e vê
o sorriso que se perdeu,
o beijo que já não é meu
e se tenta encontrar o porquê
do que não foi e poderia ser
é difícil se ver e julgar
é mais fácil então se acanhar
se esconder da razão e fingir
que acredita que foi melhor assim
e que a culpa não cabe a você
pois, se não foi, não era pra ser

Não há lágrimas mais em meus olhos
este pranto outrora chorei
não há tristeza ou rancor em meu peito
pois também já me perdoei
mas confesso, com sinceridade,
apesar da talvez pouca idade
que embora não esteja magoada
nem me sinta deveras deprimida
estou realmente cansada
dos desencontros dessa vida
e me sinto penalizada
e me vejo sem saída.

(Priscilla Franco)

domingo, março 23, 2008

La Môme



Primeiro, a busca pelas locadoras. Depois, o mercado negro. Bem, e como vcs sabem, qualidade não é ponto forte do mercado negro..então, a primeira tentativa foi frustrada. (o dvd estava ileso..nem uma gravaçãozinha sequer..). Desistir? Jamais! Outro dvd pirata, e finalmente, aos 20 de março de 2008, consegui assistir Piaf - Um hino de Amor.
E toda perigrinação, valeu a pena! Filmaço! Lindo! E triste, como todas as histórias baseadas em fatos reais costumam ser. E, convenhamos, sofrer em francês é muito mais comovente!
O filme conta toda a trajetória da cantora: desde a infância até o auge do glamour e da fama, e por conseguinte, a decadência. Um vida curta, porém intensa. A contradição do nome, Edith nasceu em Belleville, teve uma ifância pobre e descuidada. Foi abandonada pela mãe, que cantava nas ruas e cafés. O pai nesse momento estava na guerra. Aos cuidados da avó, sofreu com sua saúde frágil. Depois, viveu com a avó paterna, dona de um cabaré. Sua infância foi rodeada de bebidas e prostitutas. Teve uma doença que a deixou cega e ela acredita que voltou a enxergar graças ao milagre de Santa Teresa. Começou a cantar ainda pequena, e esse foi o seu sustento por toda a vida. Cantou em ruas, em bares até atingir a fama. Por ser pequenina e ter uma bela voz, foi apelidada pelo seu primeiro "padrinho" por La môme Piaf.. (pequeno pardal) e mais tarde, assumiu o nome artistico Edith Piaf. A vida de Piaf foi de excessos. E por ser marcante, tornou-se inesquecível.
A música é intensa, sofrida. Absolutamente entregue aos sentimentos. E foi assim que ela viveu. Uma vida triste, cheia de acontecimentos trágicos, mas que encontrou na música muita alegria e o motivo pra viver.
A Mario Cotilliard é simplesmente fantástica e mereceu o Oscar de melhor atriz. E, sem dúvida, a cena final é de arrepiar!
Apesar de "La vie en Rose" ser a música mais famosa dela, creio que a melhor música do filme, é essa:



Non, je ne regrette rien..
Não! Nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal - isso tudo me é igual!

Não, nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado!

Com minhas lembranças
Acendi o fogo
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles!


Varridos os amores
E todos os seus "tremolos"
Varridos para sempre
Recomeço do zero.


Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...!
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é bem igual!


Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...
Pois, minha vida, pois, minhas alegrias
Hoje, começam com você!

sábado, março 22, 2008

Estou numa fase ótima. Há muito tempo não sei o que é o ócio. Gosto dessa movimentação: os dias passam rápido, as horas mais ainda.. a cabeça ocupada, produzindo, vendo resultados. Nem mesmo o meu delicioso hábito de dormir durante as tardes e também, de acordar tarde nos fds tenho mantido. Sempre algo pra fazer, pra concluir, pra resolver. No fim, bate um misto de cansaço e satisfação que é muito bom!
Eu poderia começar a reclamar: da falta de tempo, do excesso de trabalho, da incompetência das pessoas.. do cansaço e etc. Afinal, as pessoas adoram reclamar. É incrível como elas sabem se fazer de vítimas. Mas, diante de algumas coisas que tenho observado, só posso ter mais certeza de que manter-me ocupada é o melhor a se fazer.
Espanta-me como tem gente que se diz tão ocupada e sem tempo pra nada mas que tem tempo o suficiente pra ficar criando hipoteses sobre a vida, o caráter e a personalidade alheia!!!!!Colocam-se no patamar dos semi-deuses e concluem que suas verdades são absolutas.
É.. pensando bem, pra quem tem um mundo tão limitado, fica fácil ter como referência só a si. E aí, vem aquele monte de autoafirmações...
Já discorri não apenas uma vez sobre o que penso sobre as auto-afirmações... é simples: quando vc precisa provar demais o que vc é, significa que no fundo, nem mesmo vc tem essa certeza. Acredito que esse seja um comportamente natural quando se tem 13 anos, vc busca uma afirmação, quer se definir no grupo, e por isso, se auto-afirma o tempo todo. Mas depois de uma certa idade.. já fica rídiculo.
"Ou pelo menos, o que me leva a agir não é o que eu sinto, mas o que eu digo." É.. Clarice soube muito bem descrever as fraquezas humanas.
Lamento por aqueles que se consideram imutáveis, invencíveis e absolutos. A cada dia, aprendo algo novo, conheço novas pessoas, ouço uma nova música, descubro um novo detalhe no meu rosto, tenho uma nova visão sobre um determinado assunto. Não sou a mesma de 5 anos atrás e Deus me livre de continuar a mesma nos próximos 5 anos. A mediocridade me apavora.
Por fim, apenas lamento. Pois aqueles que se julgam tão únicos, verdadeiros e sem falahas, decepcionar-se-ão apenas com eles mesmos, porque vão se dar conta de que (pasmem) são iguais a todos os outros reles mortais: como as mesmas falhas, os mesmos defeitos.. é, aqueles que vc tanto apontou e criticou. Os mesmíssimos.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

quinta-feira, março 20, 2008

AAAAAAAAAAAAAAAAA

Já o site QueenBrazil.com publicou a seguinte matéria sobre o show:

Será dia 30 de novembro, na praia de Copacabana, a versão carioca do 46664 World Aids Concert, organizado por Nelson Mandela. Uma das atrações é o Queen, agora com Paul Rodgers, ex-Bad Company, como vocalista. Enquanto ele canta, um telão mostra imagens do falecido Freddie Mercury apresentando-se com o grupo. A produção tenta trazer também o Led Zeppelin."
A fonte é a Coluna Gente Boa do Jornal "O Globo". A notícia foi destaque também no Jornal "O Dia", que não só confirma a presença do Queen com Paul como também a de Annie Lennox, mas não cita nada sobre Led Zeppelin.

Estejam ligados nos seguintes sites para mais informações em breve:
http://www.queenbrazil.com
http://www.46664.com
http://www.queenonline.com





AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

domingo, março 16, 2008

"Você é meu homem. Eu sou uma mulher que é sua, meu homem."




eu tinha escrito um texto sobre o dia internacional da mulher. Por fim, no mesmo dia, publiquei outro texto, sem nem mesmo perceber o que estava fazendo. Mas, acho que ainda é válido fazer a homenagem que queria ter feiro, afinal, como disse Foot Hardman, "nunca é demais quando se trata de Patrícia Galvão."
Quando li "Paixão Pagu: a autobiografia precoce de Patrícia Galvão" conheci uma mulher que soube por em palavras o conflito que toda mulher moderna enfrentou (enfrenta). Num relato de total entrega, convida o seu amado a lhe conhecer de uma maneira íntima e pessoal, acompanhar toda sua trajetória por ela mesma, trata-se quase de uma confissão em forma de carta, e, posteriormente, foi intitulada de autobiografia:

"Por que dar tanta importância a minha vida? Mas, meu amor, eu a ponho em suas mãos. É só o que eu tenho de intocado e puro. Aí tem você, minhas taras, meus preconceitos de julgamento, o contágio, os micróbios. Seria bom se eu tivesse o poder de ver as coisas com simplicidade, mas minha condição granguignolesca me fornece apenas forma trágica da sondagem. É a única que permite o gosto amargo de novo. Sofra comigo." (Pagu, p. 52)

Ora, não poderia se esperar diferente de uma mulher que passou por tudo que ela viveu. Teve uma infância solitária. Não tinha amigas. Não se entendia com a mãe. Carente, envolveu-se amorosamente cedo... e cedo também descobriu as desilusões. Com treze anos, já fora 'obrigada' a abortar. Inqueita, inconformada e curiosa.. Pagu foi uma mulher a frente do seu tempo. Escrevia, desenhava, lutava, sofria (afinal, canceriana..rss) e tudo que as pessoas sabem sobre ela é que foi a mulher do Oswald e que era comunista revoltada. (Obrigada, Rede Globo).
Mas em seu relato de dentro da prisão, conhecemos uma outra Pagu. Àquela que casou-se pela primeira vez apenas para poder sair da casa dos pais, aquela que sofreu diante da sinceridade exarcebada da vida libertina do Oswald. Sofreu calada. E ainda lhe oferece mérito, por ter sido amigo e nunca ter sentido pena por ela. Uma mulher que viveu a causa comunista no sentido mais pleno da palavra. Enfrentou todas as dificuldades que o política (espaço essencialmente machista) lhe impunha para que pudesse fazer parte dele. Recusou empregos, ficou doente com a vida de operária, quase morreu, foi presa por diversas vezes, afastou-se do seu primeiro filho, Rudá. Descobriu toda a farsa que envolvia o partido e por fim, frustra-se ao chegar a Russia: "Então a revolução se fez para isto?Para que continuem a miséria e a humilhação das crianças?"
É Pagu, realmente, é dificil dizer o porquê das coisas. Muito mais difícil saber o porquê das coisas. Quando digo que ela soube por em palavras o conflito da mulher moderna, o faço porque na literatura, esse assuntoo sempre foi tratado dentro da óptica masculina. Os escritores, em sua maioria homens, traziam personagens homens, e a mulher sempre foi coadjuvante. Com Pagu, conhecemos aquela que via que algo de novo se apresentava, se inquietava com isso, percebia mudança nas relações, nas atitudes, nas tradições. Sua compreensão e interesse pela mudança fica clara com o seu engajamento no paartido: a busca por um ideal, até então, desconhecido. Viveu durante anos com um homem que estava longe de ser o marido ideal romântico, mas que soube criar o seu filho e ser seu companheiro no momento em que mais precisava. Queria ser mãe, como todas as outras mães. Mas a Pagu não era como os outros. Conflitou entre o que "deveria ser" e o que realmente "queria ser". E o entendimento desse mundo chamado moderno, fez com que ela nos apresentasse em sua "biografia"(entre aspas pois não era essa a intenção, afinal, o livro era uma carta para seu segundo marido,Geraldo) a crise das representações. A mulher já não é mais a mesma, o mundo já não é mais o mesmo.. e afinal, o que ele é?
Mudanças assustam.. tendemos a permanecer na inércia. Mas ela não teve medo.
Se tem alguém que merece ser lembrada nesse dia, creio que seja ela. Apesar de ser um dia tão machista e comercial - para vender flores e celulares - ela merece ser lembrada, como uma mulher corajosa, inteligente e bonita. De uma beleza especial. E, também, uma grande escritora!
E quem quiser ler o livro, vale a pena! =)



sexta-feira, março 14, 2008

Poema


Se morro
universo se apaga como se apagam
as coisas deste quarto
se apago a lâmpada:
os sapatos - da - ásia, as camisas
e guerras na cadeira, o paletó -
dos - andes,
bilhões de quatrilhões de seres
e de sóis
morrem comigo.

Ou não:
o sol voltará a marcar
este mesmo ponto do assoalho
onde esteve meu pé;
deste quarto
ouvirás o barulho dos ônibus na rua;
uma nova cidade
surgirá de dentro desta
como a árvore da árvore.

Só que ninguém poderá ler no esgarçar destas nuvens
a mesma história que eu leio, comovido.


(Ferreira Gullar)

sábado, março 08, 2008

Amor.. desejo.. sexo...

Não sei a onde, vi, certa vez, a frase: definir é limitar. Estamos (eu, pelo menos, sempre estou) em busca de definições. O tempo todo queremos definir sentimentos, emoções, comportamentos. Rotulamos as pessoas segundo os nossos critérios. Também podemos nos auto-rotular, em busca de uma própria definição, ou então, numa tentativa de se definir para o outro, fazendo-o ver aquilo que vc quer que ele veja em você.
Natural. Damos nome a tudo. As coisas existem porque sabemos denominá-las, não é mesmo? Pode parecer que não, mas..vamos lá, um exemplo banal e prático: costumamos chamar a depressão, o stress, a síndrome do pânico como doenças da modernidade. Os mais conservadores podem até dizer "antigamente ninguém sofria disso..." ou então, "isso é doença de gente rica.." Mas, será mesmo que essa doença só existe nos tempos atuais? Ou será que muita gente já sofreu desses males mas desconheciam o nome?
É, a rotulação é inevitável. Assim, tentamos rotular e definir tudo que vemos, sentimos.. talvez, assim, seja possível explicar ou entender certos fenômenos.

Já tentei mil vezes definir o que é o amor. Talvez, entendendo-o, eu poderia acreditar. Em um mundo em que "eu te amo" virou ponto final de frases, fica difícil entender o que é o amor. O amor em suas diversas formas, concepções, conceitos, sensações. Afinal, o que é esse tal amor que buscamos tanto, e porque esse amor se transforma em um verbo, uma ação: amar. Parece óbvio, amar é um verbo, uma ação. E a consequência dessa ação, é o amor. Ora.. mas a lógica nem sempre se encaixa na linguagem. Ama-se e a resposta não se parece muito com aquilo que costumamos chamar de amor.

Enfim, quando o Nelson Rodrigues diz que os homens precisam aprender a amar, e que "A maior tragédia do homem ocorreu quando ele separou o amor do sexo." eu me pergunto quando ele soube de fato a diferença e se um dia, esses dois estiveram junto. Em que tempo isso aconteceu? Digo, quando ele decidiu separar? Será que já não eram coisas distintas? Creio que a verdadeira pergunta é: quem associou o amor ao sexo?

São coisas que doem ao serem pensadas e questionadas. Intrigam. Rompem com todo o ideal romântico a que estamos condicionados. Mexe com o ego. afinal, ninguém gosta de se sentir apenas objeto de desejo. E o homem, este que é dotado da inteligência (óóó) de repente, se vê agindo por instintos, irracional.

O conflito amor x sexo, reflete o conflito que vivemos entre separar o "humano", no sentido mais determinista, com um corpo biologicamente estruturado que responde a estimulos, a instintos, a hormônios, terminações nervosas e o ser cultural, que vive em sociedade, que tem regras, que define, que rotula, julga. E por fim, o que é real? A onde está a verdade?

É, a verdade é aquilo que vc quer que seja verdade. Fácil dizer que o problema é que separou-se o sexo do amor, como se esses, um dia, tivessem sido um só. E aí, nos martirizamos por ceder a desejos, buscamos o amor em sua plenitude e não entendemos o nosso próprio corpo, nossas próprias ações. E não amamos porque não sabemos o que é amar. Porque buscamos um ideal, ao invés de entender a nossa própria forma de amar. Queremos nos encaixar nos rótulos.

e assim, "caminha a humanidade", na busca pela felicidade plena, se frustrando, caindo, bebendo e levantando..(tava muito sério esse post!) e se esquecendo de apenas sentir...

"Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."
Pensar é um ato.
Sentir é um fato.
(Clarice Lispector)

domingo, março 02, 2008

Polêmico?!?

"A maior tragédia do homem ocorreu quando ele separou o amor do sexo.
A partir de então passamos a fazer muito sexo e pouco amor.
Não passamos de desejo, eis a verdade.
E todo desejo como tal, se frustra com a posse.
A única coisa que dura para além da vida e da morte é o amor"
(...)
“Educação sexual deveria ser ensinada a éguas e cavalos, os homens precisam aprender a amar.”

(Nelson Rodrigues)

O que vcs acham?