sábado, abril 26, 2014

Mais de 40 dias sem celular.

Conclusões, chutadas e nem um pouco científicas, de uma experiência sociológica ao passar um "longo" período sem celular em pleno século XXI. 

Depois de muita resistência, contrariando a todas as expectativas, estatísticas, superando todo meu histórico desastroso com celulares, na última terça-feira de carnaval, 04 de março, eu perdi meu celular. Foram quatro anos com o mesmo. E por isso que eu digo que contrariou a todas as expectativas. Meu histórico com celulares sempre foi terrível. Roubados, perdidos, quebrados, eu já consegui perder um celular três dias depois de tê-lo comprado. Um vida de traumas. Mas este último foi um guerreiro. Já existiam inúmeras campanhas para que eu trocasse, afinal de contas, em quatro anos, a tecnologia avançou consideravelmente, logo meu aparelhinho com teclado alfanumérico era uma verdadeira heresia da tecnologia. Mas era uma questão de honra, era preciso ver até onde resistiríamos! (mentira, eu só não tinha coragem de gastar com um aparelho novo sendo que o meu estava lá, funcionando perfeitamente!)
Por fim, o celular que foi perdido, havia sido encontrado por uma boa alma, mas estava muito difícil de nos encontrarmos, depois de muitos desencontros, desapeguei. Abandonei o aparelho, o chip, tudo. Foi-se. Vamos começar de novo e do zero, mas para isso, fiquei mais de quarenta dias sem celular. Digamos que foi uma experiência sociológica. Consigo ver até os títulos acadêmicos para esse experimento: O indivíduo urbano sem telefone celular por quarenta dias no séc. XXI.

E eis aí os dados que pude recolher a partir desse experimento:

1. O que mais faz falta: o despertador.
Passado o feriado, na hora de voltar ao trabalho, pensei: E agora? Como vou acordar? E aí que você se dá conta de que não tem nem mesmo um relógio em sua casa. Despertador então, menos ainda. E descobre recursos que nem sabia que existia! Lembram-se do despertador da telefônica? Ele ainda existe! Toca-se o telefone no horário programado. E descobri até despertador on line! Foram muitos os recursos que usei nesses dias, mas, o mais impressionante foi que, no fim das contas, descobri que...
2. ...É possível acordar no horário sem despertador. 
Pois é, criei um relógio biológico pontualíssimo. E todos os dias (inclusive aos finais de semana) eu costumei acordar sempre por volta do mesmo horário. Não importando a hora que tivesse ido dormir. Não achei que fosse possível, mas é. Ainda existe uma insegurança e, conforme o cansaço, às vezes falha. Mas que nosso corpo cria uma rotina, ele cria sim. 
3. O que faz a gente se atrasar é o soneca e os recursos de mensagens instantâneas.
Com a soneca, você relaxa. "Daqui dez minutos eu levanto". E assim vai, mais dez, dez, dez... até que você tem apenas dez minutos para chegar na hora certa. Se não tem a soneca, com o primeiro despertar, a opção é levantar. Afinal, você não vai correr o risco de voltar a dormir e não acordar mais.
Você marcou com alguém às 11h. É 10h50. "Nossa, vou mandar uma msg avisando que estou atrasada". Se não tem como mandar a msg ,você usa esses dez minutos para ficar pronta e vai. E não gasta metade dele mandando mensagens. Aliás, se você sabe que não terá como avisar a pessoa do seu atraso, há muito mais esforço para cumprir o compromisso do horário.  
4. O telefone fixo ainda funciona. 
E muito bem, inclusive. Não tem o problema da falta de sinal. Não tem o problema de acabar a bateria. Não tem problema conforme as operadoras. Não tem que ficar se preocupando se é claro, se é oi, se é tim, se tem bônus, não tem bônus, é barato, não é barato, não ouvi porque está no modo vibra, ou não achei dentro da bolsa, ou esqueci no carro. O nome mesmo já diz, fixo. Ele está no mesmo lugar, vai tocar em alto e bom som e se você não atendê-lo é porque realmente não pôde, logo não adiantaria muito tentar o celular ou algo do tipo. Eu, na maior parte do meu tempo livre, estou em casa. Se não estou, geralmente não posso atender ao celular (como no trabalho, por exemplo). Percebi que causamos uma dependência excessiva do celular, quando, na verdade, ele só deveria ser um recurso a mais, para emergências, para pessoas que viajam muito, por exemplo. Ele substituiu a telefonia convencional, mas não funciona tão bem como ela e é bem mais caro.
5. Você não irá perder todas as coisas do mundo se as pessoas não conseguirem falar com você no exato momento em que quiserem. 
Somos muito, muito, muito imediatistas. Tudo tem que ser instantâneo. Já vi pessoas desesperadas porque a bateria do celular estava para terminar. Ou porque estava sem sinal. Ou então porque havia esquecido em casa. Ou ainda porque não escutaram enquanto ele tocava. No bar, ele tem que ficar em cima da mesa, para que possamos ver se ele está tocando ou não. E atender na hora. E responder na hora. Viu e não respondeu? Que absurdo, que descaso! Liguei e você não me atendeu! Para quê tem esse celular? Tudo tem que ser imediatamente. E, confiem em mim, não precisa ser assim. Tirando as emergências, que são 0,01% dos casos em que recebemos ligações, não há necessidade de que tudo seja instantâneo.  Nesse tempo que fiquei sem celular, eu fui ao médico, fiz exames, cumpri minhas obrigações no trabalho, fui até convocada para um concurso público que fiz em 2011. Não perdi nada que fosse realmente importante, deu tudo certo e minha vida funcionou muito bem.
6. Quem quer realmente te encontrar saberá como fazê-lo.  
As pessoas mais próximas e as que precisam saber, sabem seu telefone fixo, sabem seu e-mail, onde moram, onde trabalha. Elas vão te encontrar. E nem é algo tão difícil assim de se fazer.
7. A pressão social é fortíssima. 
Eu percebi que se alguém decidir tomar a decisão de optar por não ter um celular ela não pode. Não era o meu caso, eu não pretendia viver sem, mas se eu decidisse fazê-lo seria tão desgastante que não vale a pena. É melhor ter um nem que seja só para ser despertador, relógio, agenda, joguinho, sms, whatsapp, etc. do que ter que aguentar o espanto das pessoas para o fato de que você consegue viver sem celular no séc. XXI.
8. Nunca dispense a agenda de papel. 
Lembro que quando mais nova eu sabia MUITOS números de telefone de cor. Alguns, sei até hoje. E de repente, me toquei que eu não sabia o número de telefone do meu irmão, por exemplo. Eu nunca precisei saber. Quando eu telefonava para ele, ia nos contatos e discava. Perdi celular, perdi agenda, perdi muitos números. Alguns, eu realmente não precisava mais ter, porque com certeza eu senti falta de bem menos números do que eu tinha na minha agenda. Em todo caso, comprei uma agendinha telefônica no 1,99 e vai ficar ali pra sempre. Porque ninguém vai roubá-la, nem vou perdê-la ou ela vai "sumir com meus contatos".
9. Banalização das fotografias.
Isso eu percebi bem antes de perder meu celular. E eu ainda não entendo.
A pessoa vai ao bar com os amigos. Eles vão se encontrar, dar risada, se divertir. Às vezes, faz tempo que não se veem. E aí, para celebrar o momento, a pessoa tira uma foto... DO COPO.
Ela não terá, talvez, nenhuma foto com os seus amigos. Mas tem uma foto do copo. PRA QUÊ????? Quando ela tiver saudade dos amigos ela vai ver a foto do copo???
Para mim, foto sempre foi um registro de momentos, para depois poder reviver, relembrar, sentir e saciar a saudade. O que as pessoas sentem quando veem as fotos de seus celulares? É legal ficar revendo copos, taças, pratos de comida, fotos de si mesmo em frente ao espelho, unhas, maquiagem e etc?
Aí, quando raramente alguém tem a brilhante sugestão: "vamos tirar uma foto nossa - quem tem o celular, vamos lá.." - e tira-se uma foto com verdadeiro sentido (momento, as pessoas, o que vale a pena), nunca se veem essas fotos. Não vai "pro face", não vai "pro instagram", às vezes, só se tem acesso a elas com muita insistência. Conclusão: a geração selfie e instagram faz do celular nada mais do que um instrumento do ego.
10. O problema não é o celular. 
A invenção foi ótima. Necessária, importante. É ótimo saber que você pode ter o telefone móvel e a evolução desse aparelho é impressionante, você reúne diversas funções em um único lugar. Isso é muito bom. O problema, como sempre, é o mau uso. Ou ainda, o consumo excessivo. Não é porque ele evolui constantemente que você precisa acompanhar todas as evoluções. Você não precisa de todas as funções que ele disponibiliza. Você não precisa ter um aparelho novo a cada nova estação. A curta duração da tecnologia é alarmante e preocupante. Não podemos fechar os olhos para todas as consequências do consumo desenfreado.
Vivemos em uma sociedade capitalista, o consumo faz parte das nossas vidas, não tem como se desvencilhar completamente desse contexto social-histórico, mas acho que cabe a reflexão. O consumidor se vê em uma posição isenta de responsabilidades. "Eu trabalho, pago meus impostos, mereço poder comprar as coisas que quero" - o consumo torna-se uma recompensa, uma forma de encontrar satisfação às suas insatisfações diárias. Assim, só valerá a pena trabalhar, contribuir para sociedade se eu puder ter este retorno. Por isso que vemos tantas pessoas nos shoppings o tempo todo, por isso que os pacotes de viagens envolvem roteiros de compras, por isso que em qualquer canto que se visite existe uma lojinha vendendo qualquer-coisa, por isso que todas as comemorações envolvem presentes, feriados descontos e promoções. O indivíduo só sente completo se puder comprar algo. Afinal, no capitalismo, só tem poder quem tem poder de compra. E esse poder causa prazer. Aqueles que não podem fazê-la se sentem excluídos (o que leva a todo o problema de violência e desigualdade social desse país).
Mas além disso, gostaria que houvesse a reflexão no sentido do nosso papel enquanto consumidores na exploração por trás das grandes indústrias. Para que você possa ter uma celular novo a cada nova estação é necessário que a empresa produza constantemente, sem cessar, os funcionários envolvidos nisso trabalham em regime exploratório, com baixos salários, péssimas condições, abusos, ameaças (se não fizer hora extra, rua), fora os casos de trabalho escravo de crianças e etc. O consumidor tem sua parcela de culpa nessa realidade. Consumir é financiar essa exploração. Ela só continua porque existe o consumo exagerado. E o seu pequeno prazer de comprar algo novo enriquece aqueles que já são extremamente ricos e que exploram a necessidade de sobrevivência de outros.
O "ter, possuir" é o único objetivo. Isso explica porque as pessoas se recusam a pagar por serviços e cultura, ao julgarem caros, porém pagam em produtos. Não pagam uma consulta com a nutricionista, mas pagam o Gojiberry. Não querem pagar um personal, mas compram uma bicicleta ergométrica. Não fazem terapia, mas compram uma garrafa de vodka absolut. Trinta reais no teatro é muito caro, mas cem reais em um batom (sim, um batom) está tudo ok, vale a pena, o produto é bom. Entenderam o raciocínio?
O que fazer? Não consumir mais? "Não seja hipócrita, você fala isso mas vai no shopping que eu sei" - Repito, eu sei que é praticamente impossível se desvencilhar do consumismo. Mas é possível buscar outras formas de satisfação. Buscar um prazer que seja menos superficial do que "comprar as coisas que eu quero". Você merece muito mais do que comprar as coisas que quer.
Merece viver em uma sociedade igualitária, em que todos tenham os mesmos direitos, haja justiça e paz.
Existem coisas muito melhores do que comprar para serem feitas na vida. A mídia faz você pensar que precisa disso para ser feliz. Mas não precisa. Acredite. Encontre aquela que te agrada e tente reduzir sua frustração e consumismo.

Bem, eu, agora, tenho um celular novamente. Agora voltarei a me atrasar para o trabalho, para os encontros e a procurar enlouquecidamente pela bolsa enquanto ele toca... 

domingo, março 30, 2014

Dores necessárias.

- Você tá com a carteira de vacinação aí?
- Tá aqui... – e mostrei-lhe uma folha amarelada, até a cópia já era antiga. Além da cor amarelada do papel, a identificação manuscrita, a tinta da caneta já desgastada pelo tempo, as datas, tudo lembrava a uma época remota. A única coisa que não parecia ser antiga era a lembrança dos dias de vacina.
Para se ter uma ideia, a função era delegada a meu pai. E isso significa que a coisa era muito séria. Quando a minha mãe abria mão das rédeas da situação e passava a obrigatoriedade para o meu pai significava que era necessário alguém mais bravo (ou seja, forte o suficiente para não amolecer diante do choro manhoso).  Ficava para o meu pai a função de acabar com a frescura.
-Vou chamar o seu pai! - era a ameaça mais eficiente porque eu sabia como seria se ela se cumprisse. Isso acontecia porque, confesso, sempre tive um dom especial para os dramas e meu pai não dava a menor bola pra eles: “Seu mal é sono!!!”  Ele dizia sabendo muito bem que aquele choro sentido não passava de uma manha de criança.
Mas diferente da manha para tomar o remédio ruim, comer o feijão e fazer tarefa, o problema dos dias de vacina era o medo. Eu sentia um medo absurdo de agulhas. Ou melhor, o medo era da dor. O que me apavorava não era a agulha em si, mas a dor que eu sabia que ela causaria. Sempre fiz qualquer negócio para evitar as injeções. Tomava remédio amargo, jurava juradinho que não daria trabalho para engolir comprimidos, tomar antibióticos, fazer inalações, desde que eu me livrasse das injeções. Acontece que, com a vacina, nenhum dos meus argumentos funcionaria. Ela era importante, evita doenças e para ela não há alternativa.
E aí eu chorava, esperneava , gritava, sofria antes mesmo da agulha encostar em mim. E queria ver minha absoluta revolta era dizer: fica relaxada, se não relaxar, é pior. E me diga: como relaxar diante da iminência da dor?
- Você não tomou o reforço da vacina de tétano...  – ela perguntou afirmando enquanto eu limitei a concordar com a cabeça, conformada com a ideia de que a tentativa de fuga não seria definitiva. – Precisa tomar! Você é professora, às vezes, pode se machucar com alguma coisa. Tem que tomar.
Eu sabia que ela estava certa. Aliás, eu sempre soube dos bons argumentos das vacinas.  Mas a fama da tal vacina de tétano aos quinze anos só agravava a situação. Não havia um que dissesse que não doía. Pelo contrário, doía e muito. E assim, eu fugi dela por mais de dez anos.
E lá estava eu, uma mulher adulta, com minha carteirinha amarelada na mão, me sentindo ridícula por estar com medo da dor. E mais: com medo de passar vergonha, chorar muito ou algo do tipo. Minha mãe não teria que brigar comigo, meu pai não teria que me segurar, peguei meu carro e fui, sozinha, de quase livre e espontânea vontade.
- Relaxa o braço - nem o tom amoroso e compreensivo da atendente fazia diminuir a revolta com essa recomendação- uma picadinha...
Fechei os olhos, bem forte, como eu costumava fazer embaixo do cobertor quando achava que tinha um fantasma no meu quarto, e esperei a dor excruciante.

E ela não veio. Doeu, mas não chegou nem perto do que eu achava que seria. Aliás, o que será que eu esperava? Abri os olhos percebendo que foram tantos anos com medo daquela agulha e ela ficou menos de dez segundos no meu corpo. Fiquei com mais de dez anos com medo de tomar essa vacina e entre um abrir e fechar de olhos, ela acabou. Ainda sinto um leve dolorido no braço esquerdo, mas que em breve já terá desaparecido. E agora estou protegida pelos próximos dez anos contra o tétano. Sensação de dever cumprido.  Um leve alívio.
O que nos causa medo é o desconhecido. É o nosso corpo gritando, piscando mil luzes de alerta “você está em perigo!”. E para nos proteger, paralisamos. Para deixar de sentir a sensação estranha e incômoda, angustiante, que é o medo, desistimos. Adiamos. Esquecemos. Ou fingimos esquecer.  O medo nos impede. Paralisa. Ele faz com que você não faça nada novo, que continue a sua rotina, dentro do planejado, do conhecido e do seguro.
O mesmo medo que te impede de pular de uma ponte de 20 metros é o que te faz não aceitar aquele emprego novo. O mesmo medo, que te faz evitar as vacinas, também faz que você não retorne a ligação daquela nova pessoa que apareceu em sua vida. O medo, que faz com que você evite andar sozinha à noite nas ruas, é o que te faz adiar aquela viagem que você sonhou desde criança e deve fazer sozinha. O medo, que tem impede de fazer uma ultrapassagem perigosa, limita o seu mundo. O medo, que salva,  também condena.

Saindo do posto de vacinação sem nenhuma lágrima prevista saindo dos olhos, um pensamento me dominava: o medo me tirou quantas dores libertadoras?

terça-feira, dezembro 17, 2013

Uma sala muito engraçada.


“Subi as escadas e fui para sala de aula como de costume. Material nos braços, bolsa no ombro. Os alunos, já sem o sono (quer dizer, um pouco menos, porque sono sempre tem, impressionante!) das primeiras aulas, animados com o pós intervalo, não paravam de falar um minuto. A rotina já era conhecida, chama um aqui, outro lá, geralmente os meninos, ou melhor, a gaguega,  que falava mais. Gente, pára por favor? Gente. Pára. EU JÁ FALEI PRA PARAR. –  Breve silêncio. E surgiu a pergunta, com um sorrisinho sarcástico: Você quer ser nossa paraninfa? – Oh sala engraçadinha. Sem saber se morria de ódio ou de alegria, eu me via em mais uma das deliciosas sensações que a profissão de professora me proporciona: a surpresa cotidiana. Os dias nunca eram iguais. Totalmente imprevisíveis. 
A partir daquele convite eu comecei a tentar entender porque tinha sido escolhida. Não era a professora mais legal. Nem a mais inatingível (como o Aymoré). Uma pessoa comum. Professora que alguns detestam, outros gostam, que não sabe fazer piadinha, que nem sempre tá de bom humor. Não via em mim alguém que pudesse ser escolhida para esse momento. Um convite imprevisível. E então, eu percebi que na verdade, tudo fazia muito sentido. Afinal de contas, se existe um adjetivo que pode definir essa sala não seria bem engraçada, mas sim, imprevisível. 
Um dia, parecia que eles não se importavam com nada. No outro, organizavam-se sozinhos com roteiro, figurino e tudo mais para fazer uma sátira nada convencional de Romeu e Julieta – papéis trocados, nada do romantismo usual. Muita palhaçada, daquelas que até Shakespeare aprovaria. Todo mundo diz que o jovem de hoje não lê. Mas nós até montamos um clube do livro. Altas discussões sobre Harry Potter. Tudo bem que foi só um encontro, mas foi bem divertido.  Às vezes, parecia que não havia união, mas nos dias de prova todos eram melhores amigos. Compartilhando tudo, erros e acertos. Jamais me esquecerei das cinco ou mais provas seguidas com a palavra “luxúria” para designar algo luxuoso. Espero que pelo menos vocês tenham aprendido o que realmente significa essa palavra agora. Mas a união existia em momentos que talvez vocês nem percebessem. Como para que quase toda semana tivesse um docinho novo para arrecadar dinheiro para formatura. Para os preparativos da Feijuca. Em terra de futebol, uma sala que jogava vôlei!  Eles até tentaram, mas vencer o time dos professores é muito difícil! Pouco importa quem ganhou ou quem perdeu, o melhor foi dividir o pastel e o guaraná depois.
Vocês queriam parecer desinteressados, mas eu sempre pude contar com vocês para minhas ideias malucas. “Vamos fazer um poema de quase 200 versos? Vamos”, “Vamos ensaiar e cantar uma música para o próprio compositor dessa mesma música? Vamos”, “Vamos fazer um trecho em prosa, com todas as pessoas da sala, no formato de um carrossel? VAMOS!” – sem pestanejar. E ainda deram asas às minhas ideias, querendo coloca-las em bexigas com gás hélio. As minhas e as de outros professores também, afinal, quem foi a primeira sala a fazer um dia de rádio na escola? Com muito rock n’roll. Que orgulho! (aliás, era até difícil chegar à sala e ter que desligar o rockzinho que sempre estava rolando no pós- intervalo) Também me lembro de como vocês compraram “minha briga”, entre aspas, nas redes sociais. Eu tive até que acalmar os ânimos. Aliás, se tem algo que definitivamente une essa sala é uma boa briga. Eles vão mesmo, de peito aberto. Desde que a causa valha a pena. Brigas que valem a pena, causas que valem a pena. Como não lembrar com ternura da campanha para ajudar o lar dos velhinhos e APAE. Um pequeno gesto para mudar o mundo. E como era bonito de ver quando vocês conseguiam deixar o celular de lado pelo desejo de mudar o mundo a cada aula que a literatura que nos levava a discutir os mais diversos assuntos. E como, para vocês, essas aulas às vezes tinham mais valor do que os módulos da apostila que eu SEMPRE demorava para terminar. Assim como as provas, que demoravam para voltar corrigidas e já era motivo de piada pronta. Com uma sinceridade que quase dói. Como quando eu soube que fui votada para paraninfa só no segundo turno. Era verdade, fazer o que? Tudo isso com um humor que eu admiro, ácido, irônico. Como esquecer a nossa piadinha interna do “grêmio estudantil Arthur da Costa e Silva”? E tudo é intensamente verdadeiro com eles. Inclusive os bons sentimentos que eles se recusam a admitir. A delicadeza de um bolinho de aniversário,  a acolhida dos novos amigos, a delicadeza de uma rosa de agradecimento,  a insistência para que todos nós professores (e até a mamãe!) estivéssemos com vocês dentro da fonte do colégio, mesmo de sapato e calça jeans.
E depois de repassar todas essas memórias, um dos nossos momentos mais cúmplices voltava à minha cabeça, então uma certa paródia, ficou assim:
“Era uma sala muito engraçada. Achava que não tinha união. Mas quando a prova chegava todos viravam irmãos. Irmãos que compartilham o cafezinho. Que fazem vaquinha para vender o docinho. E, ai, de quem não pagasse os três reais, porque o Luís não deixaria em paz! Era uma sala que tinha opinião e nem tinha medo de falar, não. Acabou o terceirão, mas ‘as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão”
Aqui termina a minha história. A nossa história. E agora vocês vão escrever novas histórias. Quando a saudade bater, pode voltar. As portas estarão sempre abertas. Sempre terá aquele cafezinho na sala dos professores que vocês costumavam pegar escondidos. E eu estarei sempre torcendo para que vocês sejam muito felizes.
Esta é minha última aula. E a minha última lição é: olhem uns para os outros, lembrem-se de tudo o que vocês viveram juntos, abracem-se, daqueles abraços bem apertados de perder o ar. Esqueçam as diferenças. Essa noite vai passar tão rápido, aproveitem cada instante. Perdoem o que tiver que perdoar, agradeçam pelo que tiver que agradecer. E divirtam-se muito. Que sempre haja tempo para os amigos. Quem sempre haja voz, quando algo incomodar. Que sempre haja coragem, para mudar de ideia. Para ser o que se quer ser. Que continuem a brigar, quando a luta valer a pena. Leiam, leiam muito!  Voem alto. Vivam intensamente. Rendam-se. Que sempre possam surpreender. Encantar. Pela verdade e pela sinceridade. E que sejam sempre, imprevisíveis.

Obrigada pelo convite, obrigada pelo carinho e um beijo enorme para cada um de vocês, com carinho e saudades antecipadas, amo vocês! 

Sue 

sexta-feira, fevereiro 15, 2013

Sabedoria (com um pouco de sarcasmo)

"O ciumento é tão patético como um cão correndo atrás do próprio rabo, perseguindo aquilo que já tem." (Gabito Nunes) 

"Aqueles que não lembram do passado estão condenados a repiti-lo, mas aqueles que se recusam a esquecer o passado estão condenados a revivê-lo" (Revenge)





"

segunda-feira, janeiro 21, 2013

Bolero de Ravel

"A alma cativa e obcecada
enrola-se infinitamente numa espiral de desejo
e melancolia.
Infinita, infinitamente...
As mãos não tocam jamais o aéreo objeto,
esquiva ondulação evanescente.
Os olhos, magnetizados, escutam
e no círculo ardente nossa vida para sempre está presa,
está presa...
Os tambores abafam a morte do Imperador."
(Carlos Drummond de Andrade)

Uma das delícias em ser professora de literatura é se surpreender a cada nova aula. É perceber coisas que não percebera antes a partir de um comentário. É ter uma epifania, ainda que exista a obrigação e a exigência. Entrou para a lista dos vestibulares Sentimento do mundo, de Drummond. Depois de muito tempo tentando "penetrar surdamente no reino das palavras" por meio d'A rosa do Povo, eis que tive a deliciosa obrigação de ler Sentimento do mundo. 

Pra quem não conhece, Bolero é a famosa composição de Maurice Ravel, por isso ficou conhecida como Bolero de Ravel, trata-se de uma música... chata, como bem comentou meu aluno ao ler o título do poema. Na hora em que ele leu, lançou "Eu já toquei essa música, ela é chata pra caramba" . Ele, vestibulando de Música, já anunciou pro resto da sala o que estava por vir. "Por que é chata, Otávio?" "Ela não sai daquilo, é repetitiva. Chata."  (vindo dele o comentário é ainda mais significativo, pois ele toca percussão, e o mais repetitivo em todo o bolero é justamento o barulho dos tambores).  Pois é, o bolero de Ravel é extremamente famoso, marcado pela repetição intensa da mesma melodia que vai ganhando força com o aumento da repetição.
(Se quiser, dá o play aí, ouve uma vez, ficará o dia todo com a maldita na cabeça...) 

 Só com título, Drummond já nos diz muitas coisas: a repetição, a insistência, o ciclo. Se formos verso a verso, veja só "cativa e obcecada". Cativo é aquele que está em cativeiro, aprisionado. Obcecado, bem, talvez este cativeiro seja uma escolha, fruto dessa obsessão da alma...uma alma que se joga em uma espiral - de desejo e melancolia - a espiral  é justamente a representação concreta de um ciclo, afinal ela parece não ter fim - "Infinita, infinitamente". Em meio a esse ciclo vicioso "as mãos não tocam jamais o aéreo objeto", ou seja, o objetivo pretendido não é alcançado e mesmo assim, nossa vida continua "presa", "está presa" - as repetições no texto o aproximam do ritmo do bolero.

Drummond nos mostra como, às vezes, nos jogamos em um Bolero de Ravel. Acabamos por nos tornar prisioneiros de uma obsessão. Insistimos,  continuamos, persistimos, a ponto de não ter mais controle do que estamos fazendo, tornamos-nos cativos. Obcecados. No início, havia um objetivo, mas este acaba esquecido. O foco não é mais o objeto de desejo em si, mas apenas consegui-lo, ainda que ele não faça mais sentido. "Os tambores abafam a morte do Imperador" - a obsessão faz com que nem mesmo percebamos que não há mais objetivo, acabou, o alvo não existe. E você está preso em uma luta que não tem mais motivo.

O poeta gauche me levou a uma viagem interior, incontáveis momentos em que eu estava presa em um Bolero de Ravel. Momentos em que eu estava envolvida na espiral e não sabia mais diferenciar o começo do fim, tudo era um ciclo eterno. O problema é quando os tambores param de soar. Enquanto eles "abafam a morte do imperador", continuamos na insistência, no murro em ponto de faca. Mas quando os tambores param, vem a realidade. Não há mais imperador. Acabou. Para. Não faz mais sentido. Você está livre.

E quem disse que nós queremos estar livres?

Queremos estar presos. Presos a pessoas. Pessoas que não nos amam. Insistimos em alguém que já é caso perdido. Para quê? Pessoas egoístas que só pensam nelas mesmas. Insistimos achando que uma hora elas irão perceber o que fizemos para elas. Para quê? Pessoas conturbadas cujas vidas achamos que pudemos mudar (ahh, quanta ousadia...) Para quê? Presos a ideais. Ideais que não valem a pena. Lutamos por ideais que nem sabemos se valem a pena. Por quê?  Presos a sonhos. Sonhos que precisam ser deixados pra trás. Não se realizaram e nem vão se realizar. Somos resistentes à mudança. Por quê?

A sociedade nos treinou para não desistir. Para não perder. Quem não vai até as últimas consequências é covarde. A sociedade nos ensinou a ser teimoso, cabeça-dura. Esgotar todas as possibilidades. E assim nós mergulhamos na espiral para alcançar sabe-se lá o que. Até os tambores pararem.

Mas, quando os tambores param, é preciso fazer alguma coisa. Em uma metáfora bem simples, é como o cachorro correndo atrás do carro. E se o carro parar, o que ele vai fazer? E o que fazemos com a liberdade? Não a queremos. É mais fácil ser cativo.

O pior de tudo é quando param os tambores e você percebe o quanto perdeu. Por mais que seja difícil lidar com a liberdade, ainda é melhor do que viver para sempre no mesmo ciclo. Perceber o quanto de tempo, empenho foi dedicado a algo que já havia perdido o sentido há muito tempo. (Se é que houve sentido em algum momento).

E aí mudamos, damos novas chances, começamos de novo... cheios de otimismo, uma nova melodia, um novo ritmo. E a pergunta que não sai da minha cabeça é: será que não estou mergulhando novamente em um Bolero de Ravel?


domingo, janeiro 06, 2013

Adeus, 2012.

Eu sempre tive uma superstição idiota de achar que anos pares eram melhores que anos ímpares. Às vezes, eu tenho a impressão de que algumas coisas acontecem justamente pra nos mostrar: "Ei, para de ser tonto, você não controla nada nessa vida. Nem adianta tentar entender!" - E foi assim com esse ano, par, cheio de expectativas, por fim:  2012 foi uma bosta. 
Tentei evitar. Cheguei até a decidir que não iria escrever nada. "Foi um ano tão ruim que não merecia um registro" pensei. Mas, afinal, de que servem as bostas da nossa vida se a gente não refletir e aprender alguma coisa com elas? (ou talvez elas não sirvam pra nada mesmo, nem tudo tem uma lição!) Enfim, não consegui deixar passar. Seja pra refletir, pra mudar de ideia (será que foi mesmo tão ruim assim?) Então, achei aqui esse questionário - pra deixar as coisas mais práticas - e juntei com a ideia das fotos, que fiz no ano passado. E vamos lá, é última vez que quero pensar nesse ano. 


1. Onde você estava quando 2012 começou?
Em Barra do Una, São Sebastião.

2. O que você fez em 2012 que você nunca tinha feito antes?*
Fiz luzes no cabelo. 
Comecei a usar aparelho.
Conheci um centro de Umbanda.
Viajei de navio. 

Fui a um restaurante francês, no Brasil. 

(Paris 6, São Paulo - Coquelet au vin avec purée et cosmopolitan) 

3. Você manteve suas resoluções de fim de ano e fará novas para 2013?
Tem aquelas que a gente sempre mantém: fazer mais exercícios. Emagrecer. Ler mais. Economizar e blábláblá São coisas que vão nos acompanhar a-vi-da-to-da. O importante é sempre fazer novas. Sem dúvidas, elas estão na lista. 

4. Você foi a algum show em 2012?
Sim! Um show épico: Madonna! no estádio Morumbi.
(Like a prayer) 
 Foo Fighters e Joan Jett no Lollapaloozza

 (Joan Jett and The blackhearts) 
(Foo Fighters) 
Jorge Benjor no Carnaval em Jaguariúna 

5. Você procurará um novo emprego em 2013?
Não pretendo.
(Em que outro emprego aconteceria isso? s2 )  
6. Você bebeu muito em 2012?
Em comparação a outros anos, nem tanto. Já fui mais animada. A ideia é beber cada vez menos (afinal, o metabolismo já não é o mesmo!) 

7. Você viajou nas férias? Para onde?
Em janeiro, estava na Barra do Una, São Sebastião. 
 (De um lado praia, do outro rio) 
(Uma das minhas paixões: pôr do sol) 
Em Julho, viajei para São Bento do Sapucaí
(pedra do Baú) 
Com uma passadinha de leve em Campos do Jordão 

 e em dezembro, no Natal, fiz um Cruzeiro.  (Santos, Itajaí, Ilhabela, Búzios, Rio de Janeiro) 
Com direito a um passeio a Arraial do Cabo, RJ 

E depois, viagem de Reveillon, para a Barra do Una de novo, com galerinha show de bola!
(a arte de viajar em dezesseis pessoas!! É o Bronx!) 
É por isso que eu amo férias!:) 

8. Qual foi sua maior conquista em 2012?
Não sei, ao certo. Acho que não tem nada que eu possa nomear como "conquista".
O mais próximo foi o trabalho da ExpoIntegrado, era uma sala difícil, tive alguns problemas de relacionamento com eles no outro ano, mas resolvi apostar mesmo assim. E não me decepcionei! A galerinha se empolgou e fez uma linda homenagem a Jorge Amado, isso é o que eu chamo de incorporar o personagem! Fiquei muito orgulhosa e realizada. Acho que isso é uma conquista, não é mesmo?  
(Turma do 9º ano, ExpoIntegrado 2012) 

9. Se você pudesse voltar no tempo, para qualquer momento de 2012, e mudar alguma coisa, o que seria?

Por comodismo, eu costumo "aceitar" que tudo que aconteceu foi exatamente como deveria ter acontecido. Mas, nossa, esse ano aconteceram coisas que eu NUNCA imaginei que poderiam acontecer...e eu gostaria de mudá-las sim. 
Um momento, em especial, está no topo da lista. Seria um sábado de agosto, UMA SEMANA antes do meu aniversário. Mudaria porque esse momento estragou o meu sábado. Mudaria porque ele estragou um fds raro, em que eu estava com uma amiga que vejo pouco. E mudaria porque foi absolutamente desnecessário. 
Recebi um telefonema MUITO desagradável e sem noção, de uma pessoa que eu nem conheço.  Devido ao choque da situação,  não consegui dar a resposta que a pessoa merecia. Se eu pudesse voltar àquele sábado, falaria tudo que está engasgado até hoje, o quão ridícula ela foi em se meter numa história que já tinha terminado, que já não tinha mais sentido algum, e que insegurança e obsessão possessiva, a gente cura com terapia - daria até uns conselhos, do tipo, "Amiga, você precisa de tratamento, procura ajuda e me esquece!". E, de quebra,  relacionado àquele mesmo evento, teria procurado o imbecil que permitiu o telefonema e diria pra ele o quanto ele é frouxo! Só isso: FROUXO. Afinal, quem não consegue cuidar nem mesmo do próprio celular, é, além de muito otário, frouxo.

10. Você ficou doente ou ferido?
Tive uma infecção urinária bem chata. 

11. Qual foi a melhor coisa que você comprou?
Também não tem nada muito significativo. Acho que seria o patins. (pelo menos, foi a mais divertida!) 
 (Get a long, Gang!) 

12. Quais são as pessoas cujo comportamento mereceu aplausos?
Minha mãe. Deu uma guinada na sua vida. Recuperou autoestima, a vontade de viver de fato, viajar e aproveitar a vida!! Está cheia de planos e parece uma nova pessoa! 
(Nunca imaginei minha mãe fazendo Skibunda! Mas ela fez! Em Natal, RN)
Linda e feliz!  

13. E quais são as pessoas cujo comportamento você reprovou?
Uma virginiana sempre reprova vários comportamentos. A gente sempre tem nossos julgamentos sobre as pessoas com quem convivemos, mas são coisas tontas, gente que fala uma coisa faz outra, que dá desculpas esfarrapadas pra tudo, enfim, tonteiras do dia a dia. Muitas vezes, nem me dizem respeito, logo não é problema meu.
Então, pensando em comportamentos que me afetaram diretamente, só consigo pensar em uma pessoa mesmo, com quem eu me relacionei e gostaria de nem ter conhecido. Fazer o papel de corno-traumatizado-órfão-doentinho pra ganhar a  confiança de uma pessoa, usá-la enquanto estava carente, fazer discurso de que "não quer magoar", para depois permitir escândalo de gente louca e  sair da história como se nada tivesse acontecido é algo que não se faz MESMO. 
Quando nos relacionamos com alguém, só o que queremos é respeito e consideração. E um "desculpa qualquer coisa" por SMS não é nem um pouco de consideração. 
Quando não acontece nem isso, só resta lamentar  por ter gostado de alguém tão mesquinho e insignificante.

14. Onde você investiu a maior parte do seu dinheiro?
Boa pergunta. Eu nunca sei onde eu invisto meu dinheiro.. só sei que ele acaba. 

15. O que te deixou muito, muito, muito feliz?
A participação de todos os meus alunos do ensino médio no Sarau deste ano. E mais: o entusiasmo de todos eles. Fiquei muito feliz mesmo! 
(As luzes do Carrossel, Jorge Amado) 
(Declamar Under Pressure também foi algo que me deixou muito feliz!! Muito mesmo) 

E um convite para ser madrinha de casamento de um casal muito querido! :) 

(Pela primeira vez, madrinha mesmo! E não substituta! rs) 

16. Qual música sempre vai te lembrar de 2012?
Somebody that I used to Know, Gotye

But you didn't have to cut me off/Make out like it never happened and that we were nothing/And I don't even need your love/But you treat me like a stranger and that feels so rough/No, you didn't have to stop so low/Have your friends collect your records and then change your number/I guess that I don't need, that though/Now you're just somebody that I used to know/Now you're just somebody that I used to know/Now you're just somebody that I used to know....


17. Comparando este momento com o que você viveu exatamente um ano atrás, você está mais feliz ou mais triste?
Talvez, no momento, há um ano, eu estivesse me sentindo mais feliz do que agora. Mas como a lembrança, hoje, não me deixa feliz, estou mais feliz hoje. 

18. O que você queria ter feito mais?
Ler. 

19. O que você gostaria de ter feito menos?
Chorar. 

20. Como você passou seu Natal?
Em alto mar! Em um Cruzeiro com minha minha mãe e meu irmão. 
(Navio Empress - Pullmantur - Foi difícil conseguir tirar essa foto!) 
(Noite de Natal) 

21. Quem foi a pessoa de quem você mais sentiu falta este ano?

A de sempre! A Pir, minha parceira andarilha! Eu sempre sinto muita falta dela! :) 
(Cachoeira do Sol, Monte Alegre do Sul) 

22. Você se apaixonou em 2012?
Infelizmente, sim. 

23. Qual foi a maior mudança para você em 2012?
Finalmente, eu parei de criar expectativas. As pessoas sempre vão pensar nelas mesmas em primeiro lugar. Fato. Tento não mais me sentir A injustiçada, com vontade de mudar tudo e todos. E aceitei o maior clichê de todos: um dia, a vida mostra.Não é preciso fazer nada, é quase racional e lógico: uma questão de ação-reação. Você faz merda e a merda volta pra vc! 

(bom, criei essa consciência, ao menos. Não criar expectativas será difícil, mas vamos tentar!)  

24. Quais foram os seus programas de TV favoritos?
A novela Avenida Brasil! #oioioioioi 
Além disso, a série Once Upon a Time. - depois do fim de House :( 

25. Você odeia alguém agora que você não odiava há um ano?
Sim. 

26. Qual foi o melhor livro que você leu?
Que difícil... 

Bem, foi o ano dos best-sellers. Então, acho que foi a trilogia "Jogos Vorazes".
(O exemplo faz a diferença - turminha do Ajja que também leu o livro!) 
27. Qual foi a melhor descoberta musical?
Florence and the machine. Embora eu já conhecesse, descobri mais músicas muito boas!
(Sweet Nothing - Florence and the machine feat Calvin Harris) 

"So I put my faith in something unknown/I'm living on such sweet nothing/But I'm tired of hope with nothing to hold/I'm living on such sweet nothing/And it's hard to learn/And it's hard to love/When you're giving me such sweet nothing/Sweet nothing//Sweet nothing/You're giving me such sweet nothing
It isn't easy for me to let it go/Cause I swallow every single word/And every whisper, every sigh/It swept this heart of mine/And there is a hollow in me though"

8. O que você queria e conseguiu?
Fazer o tratamento ortodôntico. Estava há muito tempo na lista de coisas para fazer e sempre ia ficando de lado. Dessa vez, foi! 


29. O que você queria e não conseguiu?
Emagrecer mais. 

30. Qual foi o seu filme favorito em 2012?
Batman - o cavaleiro das trevas, ressurge.

(Ou Sherlock Holmes 2 - to em dúvida..)  

31. O que você fez no seu aniversário (e quantos anos você tem)?
Fiz 26 anos.
Ganhei uma festa surpresa do pessoal do trabalho.
Comemorei ouvindo um bom rock n'roll, tomando umas tequilinhas na noite de festa à fantasia do Sebastian Bar. 
(Eu sempre quis me fantasiar de Bela)  
Recebi surpresas adoráveis... 

E pra terminar, vinhoterapia com as amigas! 
Com todas essas pessoas queridas, fica difícil não ter um Feliz Aniversário. Embora "feliz" não fosse o adjetivo mais apropriado para mim, nesse dia. Foi um esforço coletivo. Eles sabiam que eu não estava bem e mesmo assim, todo mundo se esforçou para fazer com que a lembrança da data fosse boa! Obrigada a todos que estiveram por perto de alguma forma nesse dia. Eu nunca vou esquecer! :) 

32. Que coisa teria tornado seu ano imensuravelmente melhor?
Não ter conhecido uma pessoa. 

33. Como você descreveria seu conceito pessoal de moda e estilo em 2012?
Eu sou muito básica. Mas acho que esse ano fui um pouco vintage! 
(Noite de Natal, Cruzeiro) 

34. O que manteve sua sanidade?
Por incrível que pareça, o trabalho. Foi o meu motor para continuar em determinados momentos. Poder falar sobre o que eu mais amo, criar, ver o aprender, enfim, se não fosse ter que ir dar aula, não sei como eu teria levantado da cama em alguns dias. 

 35. Qual celebridade/figura pública que mais te fascinou?
Dave Grohl. Embora eu conheça o Foo Fighters desde a adolescência, não sabia muito sobre a história da banda. Quando assisti ao documentário Back and Forth e fui ao show, fiquei encantada. O cara, além de excelente músico, é o cara mais legal do rock! 
Atriz Adriana Esteves, que ficou fantástica no papel de Carmen Lúcia. Mostrando que a novela brasileira está mudando e tem muitos talentos!

36. Escolha o trecho de uma canção que melhor resume seu ano de 2012.


Should Have Known, Foo Fighters. 

I should've known, that it would end this way/I should've known, there was no other way/Didn't hear your warning/Damn, my heart gone there!
I should've known: look at the shape you're in/I should've known, but I don't write in
One thing is for certain/As I'm standing here/I should've known...
(...)
Though I can not forgive you yet/No, I can not forgive you yet/To leave my heart in debt
I should've known, I was inside of you/I should' known there was that side of you
Came without a warning/Caught me unaware
I should've known: I've been here before/I should've known: don't want it anymore
One thing is for certain/I'm still standing here/I should've known....
Maybe you was right/Didn't want a fight/I should've known
Couldn't read the signs/Couldn't draw the line/I should've known
No, I can not forgive you yet/No, I can not forgive you yet/To leave my heart in debt

I should've known...


No fim das contas, tudo que a gente pensa é "eu deveria saber..." 
37. Do que você sente falta?
De um companheiro. 

38. Quem foi a melhor pessoa que você conheceu em 2012?
Flavinha! Entrou no Integrado como uma professora de história e agora é uma amiga indispensável! E junto com ela, o Danny, amigo-terapeuta! Eles foram incríveis! Essenciais! Já são amigos pra vida toda! 


(Grainne's, banda Os Patrões - ótima descoberta de 2012 também) 

39. Conte uma lição de vida importante que você aprendeu em 2012.
Tudo que acontece em sua vida é fruto das suas próprias escolhas. Aceite. 
VOCÊ é o único responsável pelo que acontece em sua vida. 

40. Quais são os seus planos para 2013?
*Decorar a letra de Eu quero ver o oco e Olhar 43.
*Decorar a coreografia de Thriller. 
*Ler, pelo menos, um livro por mês.
*Fazer uma viagem internacional.
*viajar, viajar, viajar e viajar. 
*Fazer uma cirurgia plástica.
*Terapia 
*Comprar um carro. 
E, principalmente, conseguir fazer tudo isso.  Afinal, são coisas simples que fazem um dia diferente do outro, um ano diferente do outro...



(Noite de lua cheia - 31/12/2012) 

Seja bem vindo, 2013. Sem expectativas. Vamos levando do jeito que tiver de ser.. :) 



quarta-feira, novembro 14, 2012

Você precisa saber..


I want you to know
That I'm happy for you
I wish nothing but
The best for you both
An older version of me
Is she perverted like me?
Would she go down on you in a theater?
Does she speak eloquently?
And would she have your baby?
I'm sure she'd make a really excellent mother
'Cause the love that you gave, that we made
Wasn't able to make it enough
For you to be open wide, no
And every time you speak her name
Does she know how you told me you'd hold me
Until you died? 'Til you died?
But you're still alive
And I'm here to remind you
Of the mess you left when you went away
It's not fair to deny me
Of the cross I bear that you gave to me
You, you, you oughta know
You seem very well
Things look peaceful
I'm not quite as well
I thought you should know
Did you forget about me, Mr. Duplicity?
I hate to bug you in the middle of dinner
But it was a slap in the face
How quickly I was replaced
And are you thinking of me when you f*** her?
'Cause the love that you gave, that we made
Wasn't able to make it enough
For you to be open wide, no
And every time you speak her name
Does she know how you told me you'd hold me
Until you died? 'Til you died?
But you're still alive
And I'm here to remind you
Of the mess you left when you went away
It's not fair to deny me
Of the cross I bear that you gave to me
You, you, you oughta know
'Cause the joke that you laid in the bed
That was me, and I'm not going to fade as soon

As you close your eyes, and you know it
And everytime I scratch my nails
Down someone else's back, I hope you feel it
Well, can you feel it?
Well, I'm here to remind you
Of the mess you left when you went away
It's not fair to deny me
Of the cross I bear that you gave to me
You, you, you oughta know
I'm here to remind you
Of the mess you left when you went away
It's not fair to deny me
Of the cross I bear that you gave to me
You, you, you oughta know