sábado, outubro 08, 2011

Dez anos depois...

"Nossos ídolos ainda são os mesmos..
e as aparências não enganam não...
você diz que depois deles, 
não apareceu mais ninguém" 
(Como os nossos pais, Elis Regina)


O primeiro disco do Guns N'Roses foi lançado em 1987. E o que eu era nessa época? Um ser que babava, chorava e usava fraldas. Por volta de 1994 a banda se desfez, ficando apenas o Axl da formação original. Eu não tinha mudado muito, tinha 8 anos, estava aprendendo a fazer contas de dividir e ouvia qualquer coisa que passasse na televisão. Quando eu vim a conhecer a banda, foi em 1999, eu acho. Teve um show cover aqui em Jaguariúna num evento que eu nem mesmo lembro qual era, a minha turma de amigos já conhecia e era fã, foi amor à primeira vista. Como eu agradeço por ter sido maria-vai-com-as-outras!! Eram várias as bandas que minha turma gostava, mas o Guns me conquistou. A partir daquele momento, Guns n' Roses seria uma banda que faria parte da minha história.
Em 2001, quando teve o terceiro rock in rio, eu tinha só 15 anos e não se falava em outra coisa senão o retorno de Axl Rose com uma nova formação. Eram tantos os boatos: será que ele ainda consegue cantar como antes? E a banda? Terá uma aparição do Slash? - Eu queria muito estar lá! Mas é claro que minha mãe não deixaria eu me abalar até o Rio de Janeiro, em um show de 250 mil pessoas.* Eu vi pela televisão. Chorei!! Tem detalhes que lembro com riqueza de detalhes: ele tirando os anéis para tocar piano e cantar November rain (lágrimas e mais lágrimas) e o final do show com Paradise City e a bandeira do Brasil no telão do fundo do palco! Me dava um aperto no coração pensar que poderia ser a última vez que a banda passaria pelo Brasil, que eu tinha perdido a única chance de ouvir Axl Rose ao vivo.
Já naquele tempo foram inúmeras as críticas ao próprio Axl - fora de forma, gordo, ainda arrogante e com a voz já debilitada - e a banda que não superava a formação anterior. E as críticas não param e nem vão parar.
A verdade é que é muito triste ser roqueiro hoje em dia. Somos nostálgicos. O auge do rock foi em uma década que eu, por exemplo, não pude viver. Vivemos um saudosismo, sonhamos em poder ver nossos ídolos e esquecemos que eles não são aqueles que (não) conhecemos. Eles envelheceram, mudaram, assim como nós. Alguns continuam bem (haja vista Paul Mc Cartney!) mas estes são a exceção e não a regra.Não temos como saber como se estariam muitos outros se tivessem vivido um pouco mais.. mesmo que o tempo fosse cruel com eles, não deixariam de ser o que são: mitos! Como é possível que tantas gerações ouçam a mesma música? Como é possível que 24 anos depois Welcome to the Jungle ainda seja capaz de levantar o público? E que eu com 25, outro com 40 e um menino de 17 tenhamos a mesma emoção ao ouvir essa música? É, pode ser que Axl Rose não seja mais o mesmo, mas ainda é O cara (Esteves, Priscilla. 2011)
Pois bem. Dez anos se passaram, e quando anunciaram o Rock In Rio 4 eu fiquei na torcida: "Por favor, Guns, Guns, Guns" - E foi confirmado! Toda vez que eu dizia que iria ao show do Guns o comentário era o mesmo: "Ah,. mas nem é mais o Guns..." - A verdade é que ninguém é capaz de entender.

Ninguém é capaz de entender o que eu senti quando vi no telão aquele olhar que ainda era o mesmo vinte anos depois. Ninguém é capaz de entender que mesmo com muitos quilos a mais, ainda era ele que fazia a dancinha que todo mundo conhece. Ninguém é capaz de entender que mesmo com os altos e baixos ainda era ele fazendo os agudos. Não era um cover, não era uma banda X - Era o Axl Rose cantando as músicas que fizeram parte da minha adolescência. E junto com ele: cem mil pessoas cantando! E entre elas, eu.
Quem nunca se fez de ridículo na hora que viu seu ídolo subir ao palco não sabe boa parte do que é felicidade. 
Ele envelheceu. Eu também envelheci.(Tenho certeza que com quinze anos eu teria muito mais disposição para pular!) Mas eu nunca vou esquecer das minhas mãos tremendo quando vi ele entrar no palco. Do berro que eu dei quando ouvi ele dizer: "You know when you are? You're in the jungle, baby", da emoção de escutar o solo inicial de Sweet Child O' Mine (ainda que sem o Slash..=/) Das lágrimas que misturaram com a chuva ao som de November Rain e principalmente de como eu tirei forças sabe-se lá da onde pra pular enlouquecidamente quando encerrou o show com Paradise City!
Não importa que não seja como na década passada. Por duas horas, eu pude me sentir como se tivesse vivido em outro tempo. Como se eu pudesse ter vivido o auge do rock n'roll. Fui novamente uma adolescente tola, ingênua e cegamente apaixonada pelo seu ídolo. E quer saber? Foi bom demais!
São esses momentos que fazem a gente sentir que está vivendo de verdade!! Quando todos os seus sentimentos vêm com toda intensidade: alegria, riso, dor, emoção - sem medo do ridículo, sem medo de ser feliz!E digo mais, se ele aguentar e mais uma vez Guns N' Roses vier ao Brasil: eu vou de novo! E mais quantas vezes tiver. 

(Dez anos de espera....November Rain, debaixo de chuva! )


*informação do site http://www.gunsnrosesbrasil.com/gunsnroses/index.php?/a-banda/biografia

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