segunda-feira, março 08, 2010

Tempero de vó, não tem igual.


(Aniversário de 77 anos, 29/10/2009)
Algumas vezes aqui já homenageei algumas umas mulheres em especial, e depois desse último fim de semana, eu devo fazer uma homenagem a ela.

Seu nome é Isabel Francisca dos Santos, esse ano completa seus 78 anos e uma memória que é de dar inveja às mocinhas de vinte e cinco. Lembra-se da data de aniversário de todos os seus nove filhos, seus dezessete netos e da sua bisneta. Além dos seus irmãos, tios, primos e etc. Nordestina de Pernambuco, onde se casou, viveu, teve seus filhos e jamais esqueceu... Sempre que possível, arruma suas malinhas, embarca em um avião para o Norte, como ela mesma diz. Quem a vê em seu pouco mais que um metro e meio de altura não acredita na força e na fé que ali existem.Força de uma mãe que criou nove filhos em uma realidade bem diferente da de hoje.. quando o mundo era machista, quando o marido nem sequer lhe permitia que cortasse o cabelo, em uma sociedade que não lhe permitiu estudar. Força de uma mulher que perdeu o marido, mas que seguiu em frente, sempre com fé na vida, em Deus, nas pessoas e na família, principalmente na família. Força de uma avó daquelas que preparam o almoço de domingo com todo cuidado... o feijão de corda de um, a carne de carneiro de outro, o frango assado daquele ali, o macarrão para aquele outro, o caldinho, a carninha, a farofa.. ahh, a farofa! a farofa que nenhuma das filhas consegue fazer igual. E que nenhuma das netas também conseguirá fazer. 
Nesse domingo, quando me sentei a mesa.. aquela mesma mesa..que é o cenário de muitos momentos da minha infância - páscoa, natal, aniversário de criança- vi aquela mesa com um monte de panelas e vários tipos de comida, sentei e observei o prato da minha priminha de quatro anos. Exatamente vinte anos mais nova que eu. Ela pegou uma colherada do pirão e disse: "Hum mãe, eu adoro isso aqui". Olhei meu prato, vi lá, o mesmo pirão, o gosto que eu conheço há tantos anos e pensei "eu também adoro isso aqui.." E adoro porque me lembra dessa velhinha que eu amo tanto. Velhinha com quem muitas vezes eu dou mancada e ela com todo carinho diz: "Que bom que vcs tão aqui, fazia tempo que vcs não vinham almoçar comigo" E adoro saber que ela está bem, forte, saudável, cheia de histórias, de lembranças e com o mesmo coração enorme de sempre, que acolhe a todos, mesmo com todos os defeitos e diferenças. 
É, dona Izabel, tempero de vó não tem igual. E amor também não. 

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