segunda-feira, julho 02, 2012

Uma crônica perdida em meio às anotações...

- UM IDIOTA! É isso o que ele é! Está pensando o que? Que vai ser fácil achar alguém como eu? Ah... não vai... não vai mesmo! Quem mais vai aguentar? Só eu pra aguentar aquele idiota! Quer saber? Eu não vou mais aguentar, não! Ele não me merece! E eu não mereço ficar aqui, sofrendo a toa...

E ela fez como toda garota com o coração partido faz. Depois de chorar, gritar, fazer o seu drama pessoal, ligou para as amigas solteiras com a boa nova (elas sempre procuram as amigas solteiras). Ouviu meia-dúzia de palavras motivacionais que ela queria tanto ouvir, para dar aquela massageada no ego: "você é muito pra ele", "ele vai se arrepender, não liga não" "logo você conhece alguém muito melhor" - e passou à fase do convencimento: convencer-se de que era melhor estar sozinha, faria o que quisesse, sem dar satisfações a ninguém, era nova demais  e iria aproveitar a vida. É, era isso mesmo que iria fazer.

- Mano...LOUCA, essa garota é LOUCA! Se pá, o louco sou eu né? Só podia estar louco mesmo pra namorar uma mina dessa, pelamor! Ligar pros cara, tomar uma, esfriar a cabeça...

Os "cara" não discutiram muito o assunto. Concordaram que mulher é mesmo tudo louca, exagerada demais! Dramáticas! E decidiram que o melhor a fazer era não se amarrar, tem altas festas vindo por aí, logo chega o carnaval.. bora sair, beber e ver o que tem de bom no momento. Ele estava chateado. Mas para os homens é mais difícil sofrer. Coisa de viado, você sabe. Não pode perder muito tempo com isso

E assim os dois mergulharam na vida de solteiros. Ele, quando percebeu, já estava bêbado. Quando se deu conta, estava xavecando as garotas. Beijou uma, duas talvez. Ela também. Beijou um rapaz que pegou seu telefone, foi ao banheiro e não voltou. Ele não pegou o telefone e nem voltou. Ambos se divertiram, ou pelo menos acreditavam estar se divertindo. Queriam estar. Mas ele sempre vem. Depois que a bebida passa, depois que os amigos vão embora,  na hora que você põe a cabeça no travesseiro, vem o vazio...o vazio da ausência. Então você se dá conta de que foi tudo em vão, afinal é difícil ser solteiro com o coração ocupado. ..

E agora? Bem, se eu bem vos conheço,  Leitor (a), espera que eu lhe dê um final feliz, não é mesmo? Você chegou até aqui e já está torcendo por um final feliz: que eles se reconciliem, percebam que se amam e fiquem bem. É incrível como sempre queremos o final feliz.. até mesmo quando sabemos que ele não existe. Pois bem, estamos no mundo onde ele existe - o mundo da ficção, e se é final feliz que vocês querem, aí está...

Acordaram arrasados. Vazios. Com um buraco imenso no coração e um peso enorme na cabeça. Ela se olhou no espelho e além da maquiagem borrada viu um poço de tristeza nos olhos, pensou "Ele é um idiota, e eu sou mais idiota ainda de pensar tanto neste idiota..." . Ele espreguiçou, esfregou os olhos, sentiu-se tão  triste, além da boca seca, um nó na garganta:  "Saudade daquela louca..."

Um deles ligou. Não importa qual. Talvez ele, menos orgulhoso. Ela fez de durona, mas sabia desde o momento que o telefone tocou que iria ceder. Ele sabia que ela iria ceder. E aos poucos, o vazio se preenchia. Com a voz, com o barulho do sorriso, até mesmo com o tom de orgulho ferido que aos poucos dava espaço a vontade de acabar logo com aquilo tudo e esquecer o que já nem sequer lembravam.

E o resto? Bem, o resto vocês já sabem: e foram felizes para sempre! (ou pelo menos, até a próxima briga)




ps.: Ei, você que me conhece tão bem, achou que esta crônica não tem nem um pouco "cara" de Sue Ellen? então, me aguarde.. tenho um final alternativo! :) 


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