terça-feira, dezembro 07, 2010

Travesseiro de ilusões.

Ela deitava a cabeça no travesseiro e tentava suprir o vazio com fantasias. Enquanto outras construiam castelos em cima de seus príncipes, ela tentava criar o seu príncipe. Ficava a imaginar como ele seria, como seriam juntos e onde ele estaria. Afinal, onde é o lugar ideal para encontrar o seu amor? Ela pensava, pensava e pensava. Parece que essa pergunta era impossível de responder. Ia a um lugar que era a sua cara. Tocava o tipo de música que gostava, tem o tipo de pessoas com quem é capaz de passar horas conversando. Fazia amigos, mas parecia impossível encontrar um amor.
A única coisa que tinha certeza é de a vida é ridiculamente irônica com aqueles que a tentam entender. Ou ainda, se assustava com a clareza com que via algumas respostas aos seus questionamentos. E tinha medo de encarar essas respostas, de incorporá-las ao seu modo de vida. Seria tão difícil passar a acreditar nisso... 
Voltava ao seu príncipe. Quem sabe se ela pensasse muito, ou se acreditasse muito, ele viesse a existir. 
Ela sabia que ele teria um sorriso encantador. Mais que isso, uma risada encantadora. Ela tinha certeza que eles saberiam rir um com o outro o tempo todo. E rir um do outro, principalmente. Ele não faria ar de entediado quando ela começasse a palestrar sobre o último livro que leu. Talvez ele pedisse emprestado, ou lhe contasse sobre o dele. Ele, com certeza, não é do tipo atlético. Nem arrumadinho. Nem engomadinho. Provavelmente, um cabelo despretencioso, um ar de desligado, uma cara de menino e ao mesmo tempo uma cabeça de homem! Uma leve pancinha inevitável. A pancinha resultado das tardes de cerveja, aquela pancinha que acomoda, que envolve o abraço. 
Eles vão sentar juntos em um bar, tomar cerveja, chamar os amigos, rir com eles, falar sério também.. ouvir uma boa música, com uma boa letra! Talvez ele tenha um pouco de vergonha quando ela se empolgar demais, (ela sempre se empolga) e no fim das contas, ele vai acabar rindo e continuando sem entender o porquê dela fazer tudo aquilo. Não vai ser sempre que ela vai achá-lo bonito. E vive versa. Mas que importa? 

Continuava construindo seus castelos, imaginando que conversas teriam.. de tempos em tempos, ria de si mesma por ser tão tola. Afinal, ela sabe que não é assim. Aquelas tais respostas não abandonam a sua mente. Ela sabe que é tudo bem diferente - e que talvez esse cara que ela idealiza exista sim. Mas está por aí com uma pseudo-modelo-pseudo-intelectual-pseudo-interessante com personalidade voluvel que tem pouca importância ante uma beleza monumental. Talvez ele exista e os dois sejam grandes amigos, mas jamais amantes. Talvez ela já tenha o conhecido. Talvez ela não seja afinal tão original.. e esteja só recriando histórias que já viveu. 

O que importa disso tudo é que o travesseiro não está vazio. Ele ainda tem alguns sonhos. Ela se agarra a eles com toda força, porque tem medo. Tem medo que eles um dia possar partir de vez.... 

3 comentários:

Tati disse...

Que lindo texto Sue...gosto de como cada frase sua passa a mesma honestidade de como se as tivesse dito olhando nos meus olhos, talvez com um copo de cerveja entre nós duas, naqueles momentos entre uma risada e outra onde nasce a intimidade.
Digo também que seu travesseiro tem muita sorte da cabeça que aninha, com pensamentos tão belos, esperançosos e poéticos. Afinal, o que seria de nós, românticas por natureza, sem belos sonhos e boas companhias...

Sue Ellen disse...

ohh, obrigada, Tati!!!! Fiquei super feliz com seu comentário!!! =)
E essa nossa amizade foi começando aos poucos mas eu quero muito manter pra sempre!!! Te adoro, querida!!
beijãooo

*Ju* disse...

Oi amore!

Texto maravilhoso!!! Cada vez eu vejo mais maturidade nos seus textos! pareciaimpossível, mas vc está se superando! hahahaha
Às vezes eu paro e lembro de quando, há mais de 5 anos, eu ficava pensando comigo "onde está minha cara-metade? será q ele existe? será q eu o conheço? será q mora longe, ou perto, como será o rosto dele?" Eu pensava muito nisso. Chegava a ser desesperador esse poço de dúvidas! Principalmente pelo "será q ele existe"? rss... e hj estou aqui, prestes a ficar noiva de um velho amigo q conheço desde os 7 anos de idade... a vida é mesmo uma caixinha de surpresas, e só por esses surpresas (q são deliciosas!) vale a pena o desespero da dúvida!

Te amo nega! até domingo :)