Não sei a onde, vi, certa vez, a frase: definir é limitar. Estamos (eu, pelo menos, sempre estou) em busca de definições. O tempo todo queremos definir sentimentos, emoções, comportamentos. Rotulamos as pessoas segundo os nossos critérios. Também podemos nos auto-rotular, em busca de uma própria definição, ou então, numa tentativa de se definir para o outro, fazendo-o ver aquilo que vc quer que ele veja em você.
Natural. Damos nome a tudo. As coisas existem porque sabemos denominá-las, não é mesmo? Pode parecer que não, mas..vamos lá, um exemplo banal e prático: costumamos chamar a depressão, o stress, a síndrome do pânico como doenças da modernidade. Os mais conservadores podem até dizer "antigamente ninguém sofria disso..." ou então, "isso é doença de gente rica.." Mas, será mesmo que essa doença só existe nos tempos atuais? Ou será que muita gente já sofreu desses males mas desconheciam o nome?
É, a rotulação é inevitável. Assim, tentamos rotular e definir tudo que vemos, sentimos.. talvez, assim, seja possível explicar ou entender certos fenômenos.
Já tentei mil vezes definir o que é o amor. Talvez, entendendo-o, eu poderia acreditar. Em um mundo em que "eu te amo" virou ponto final de frases, fica difícil entender o que é o amor. O amor em suas diversas formas, concepções, conceitos, sensações. Afinal, o que é esse tal amor que buscamos tanto, e porque esse amor se transforma em um verbo, uma ação: amar. Parece óbvio, amar é um verbo, uma ação. E a consequência dessa ação, é o amor. Ora.. mas a lógica nem sempre se encaixa na linguagem. Ama-se e a resposta não se parece muito com aquilo que costumamos chamar de amor.
Enfim, quando o Nelson Rodrigues diz que os homens precisam aprender a amar, e que "A maior tragédia do homem ocorreu quando ele separou o amor do sexo." eu me pergunto quando ele soube de fato a diferença e se um dia, esses dois estiveram junto. Em que tempo isso aconteceu? Digo, quando ele decidiu separar? Será que já não eram coisas distintas? Creio que a verdadeira pergunta é: quem associou o amor ao sexo?
São coisas que doem ao serem pensadas e questionadas. Intrigam. Rompem com todo o ideal romântico a que estamos condicionados. Mexe com o ego. afinal, ninguém gosta de se sentir apenas objeto de desejo. E o homem, este que é dotado da inteligência (óóó) de repente, se vê agindo por instintos, irracional.
O conflito amor x sexo, reflete o conflito que vivemos entre separar o "humano", no sentido mais determinista, com um corpo biologicamente estruturado que responde a estimulos, a instintos, a hormônios, terminações nervosas e o ser cultural, que vive em sociedade, que tem regras, que define, que rotula, julga. E por fim, o que é real? A onde está a verdade?
É, a verdade é aquilo que vc quer que seja verdade. Fácil dizer que o problema é que separou-se o sexo do amor, como se esses, um dia, tivessem sido um só. E aí, nos martirizamos por ceder a desejos, buscamos o amor em sua plenitude e não entendemos o nosso próprio corpo, nossas próprias ações. E não amamos porque não sabemos o que é amar. Porque buscamos um ideal, ao invés de entender a nossa própria forma de amar. Queremos nos encaixar nos rótulos.
e assim, "caminha a humanidade", na busca pela felicidade plena, se frustrando, caindo, bebendo e levantando..(tava muito sério esse post!) e se esquecendo de apenas sentir...
"Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."
Pensar é um ato.
Sentir é um fato.
(Clarice Lispector)
7 comentários:
Sue, qdo vc amar de verdade alguém e essa pessoa te amar, daí vc vai saber o que é...e pq tantas pessoas escrevem sobre, refletem sobre etc etc...
Meus pais pra mim são o meu exemplo. A minha mãe diz que o amor dela pelo meu pai só cresceu durante todos esses anos, e eu particularmente vendo o dia-a-dia creio cada vez mais q o amor do meu pai pela minha mãe é infinito e maior q o dela por ele. Eles são minha inspiração e se um dia eu achar uma pessoa que eu consiga chegar no meu 26o ano de casada e ainda dizer q gosto cada vez mais dela, que gosto mais do que no 1o no...bem, eu terei minha felicidade plena com certeza. O amor verdadeiro existe e eu tenho a'prova no meu próprio teto!
Adorei sua reflexão....
Concordo nas mesmas palavras que vc, mas discordo em uma virgula...esse amor existe...oq a Michele disse, creio seja uma parcela desse amor...Para entende-lo devemos abstrair nossa realidade, ver alem dos olhos, pois não é de fato aqui que ele se encontra...ainda!!!
Bjão
ó, no livro "a insustentável leveza do ser", do Milan Kundera, tem umas reflexões legais sobre essa coisa entre amor e sexo. se vc puder ler, presta atenção no personagem Thomas. é só mais um rótulo, mas juntando um monte de rótulos talvez a gente tenha um rotulão!
abraço,
léo do iel
Olá. Você não me conhece, mas pode passar a conhecer!!!
Estava procurando umas fotos e achei seu blog.
Bem interessante a forma que escreve. Adoro escrever também. E ler!! Muito! Percebi que também é fã de Clarice Lispector. Adoro os livros dela também.
Conhece a Telma Guimarães? Outra autora que admiro.
Bom, resolvi escrever só para deixar o meu alô, e dizer que gostei do seu blog.
Se quiser entrar no meu, é só digitar litllearchive.blogspot.com.
Abraços
Marília
Concordo quando diz que não sabemos amar. Pra isso é preciso colocar o outro na nossa frente, demonstrar evidência, e isso, quero crer, o ser humano não é muito bom em fazer.
Bjos!
Sobre amor e sexo, gosto da musica da Rita Lee "amor é prosa sexo é poesia" - acho que ela diz tudo de uma maneira bem simples...
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