domingo, abril 26, 2009

Minha mãe é...




É aquela que é péssima para acordar as pessoas. Ela chega falando alto, abrindo a janela e dando bronca: "Você vai chegar atrasada!!". Ela também não é lá muito delicada para dar más notícias. "Ei, acorda, seu avô morreu". É.. bom dia pra você também, mãe..


Ela é também uma pessoa desastrada. Um sorvete sem derrubar na roupa, não é um sorvete! E por falar em sorvete, como ela gosta de um! Mesmo durante a dieta que ela vive fazendo, não abre mão de um sorvete!


Minha mãe é capaz de dar os maiores foras, do tipo, deixar pra fora de casa minha amiga que vinha do Paraná. Por que ela fez isso? Nem ela sabe! É também muito cara de pau - pechincha, pede, cobra. E quer saber? Ela sempre consegue! Sempre!


Eu, racional. Ela, impulsiva. Eu, penso duas vezes antes de fazer. Ela, faz duas vezes antes de pensar. Eu, sossegada. Ela, totalmente acelerada, caapaz de fazer mil coisas ao mesmo tempo. E apesar de parecermos tão diferentes, cada vez que eu derrubo o sorvete na roupa, eu percebo o quanto somos iguais.


Ela erra caminhos, não entende piadas, não gosta de cozinhar, adora perfumes e puxa o saco do meu irmão mais novo.Em todas essas imperfeições, ela se torna perfeita. Por que? Porque é a minha mãe!




(Foto: As duas mulheres que mais admiro na vida - Jundiaí, Natal de 2008)

sábado, abril 18, 2009

O amor sem remédios e o remédio do amor

É uma pena que esse sermão do Pe. Antônio Vieira não seja um dos mais comentados em sala de aula. Nem mesmo na faculdade, onde tive praticamente um curso inteiro sobre Vieira, falamos sobre ele. Reconheço que os outros tratam de temas mais polêmicos, envolvem política, a crítica a Igreja, a sociedade, enfim, temas considerados "importantes". Mas o que eu realmente gosto na literatura é quando percebemos o quão humana ela é. Como ela é capaz de transformar coisas banais em motivo de reflexão, de como ela é capaz de mudar o nosso olhar para com as coisas do Mundo.. Pois nesse sermão Vieira vai falar sobre o amor sem remédios e o remédio do amor, ele anuncia o início do evengelho dizendo que muitos dos que estão ali buscam a cura de uma efermidade. Assim sendo, o amor também é uma efermidade e como todas as outras coisas, há de se remediar. Qualquer outro diria que as dores de amor são mínimas perto das grandes enfermidades.. mas.. pensemos, de todos que estão em uma Igreja, quantos não sofrem da enfermidade do amor? Posso garantir que muitos não têm lá grandes enfermidades para pedir por ela, mas não há aquele que nunca tenha enfrentado a famosa dor de amor.. que inspira poetas, que melodia músicas e aflige humanos.

Assim, falando sobre os remédios para o amor, Vieira nos lembra que há aquele que é o amor sem remédios.. o amor perfeito, que resiste a todas essas remediações: o Amor de Cristo.
Ahh se todos os padres, pastores, guias espirituais, whatever, fossem como Vieira.. que a Igreja é um lugar pra tratar de assuntos divinos sim, mas também, de assuntos humanos. E que os dois podem conviver!

Vejamos então um pouco do que ele disse:
(...) O primeiro remédio que dizíamos é o tempo. Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas que partem do centro para a circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino, porque não há amor tão robusto, que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não tira, embota-lhe as setas, com que já não fere, abre-lhe os olhos, com que vê o que não via, e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural de toda esta diferença, é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos. Baste por todos os exemplos o do amor de Davi.
O que era desejo se trocou subitamente em dor; o que era cegueira, em luz; o que era gosto, em lágrimas; e o que era amor, em arrependimento. E se tanto pode um ano, que farão os muitos?
Estes são os poderes do tempo sobre o amor. Mas sobre qual amor? Sobre o amor humano, que é fraco; sobre o amor humano, que é inconstante; sobre o amor humano, que não se governa por razão, senão por apetite; sobre o amor humano, que, ainda quando parece mais fino, é grosseiro e imperfeito.


Bem, mas aqueles que sofrem sabem como é custoso esperar as ações do tempo. Comparando o amor a qualquer enfermidade, hum.. vejamos, a gripe! Sim, a gripe.. sabemos que para sarar de uma gripe é preciso esperar.... uma semana ou menos. Mas apenas esperar, pra que ela passe. Ora, e tudo que pensamos é: falta muito pra passar? Então, o tempo é eficaz, mas é sofrido. Será que não teria algo mais rápido, Viera?


(...) O segundo remédio do amor é a ausência. Muitas enfermidades se curam só com a mudança do ar; o amor com a da terra. E o amor como a lua que, em havendo terra em meio, dai-o por eclipsado. À sepultura chamou Davi discretamente terra do esquecimento: Terra oblivionis (Sl. 87, 13). E que terra há que não seja a terra do esquecimento, se vos passastes a outra terra? Se os mortos são tão esquecidos, havendo tão pouca terra entre eles e os vivos, que podem esperar, e que se pode esperar dos ausentes? Se quatro palmos de terra causam tais efeitos, tantas léguas que farão? Em os longes, passando de tiro de seta, não chegam lá as forças do amor. Seguiu Pedro a Cristo de longe, e deste longe que se seguiu? Que aquele que na presença o defendia com a espada, na ausência o negou e jurou contra ele. Os filósofos definiram a morte pela ausência: Mors est absentia animae a corpore. (6)E a ausência também se há de definir pela morte, posto que seja uma morte de que mais vezes se ressuscita. Vede-o nos efeitos naturais de uma e outra. Os dois primeiros efeitos da morte são dividir e esfriar. Morreu um homem, apartou-se a alma do corpo: se o apalpardes logo, achareis algumas relíquias de calor; se tomastes daí a um pouco, tocastes um cadáver frio, uma estátua de regelo. Estes mesmos efeitos ou poderes têm a vice-morte, a ausência. Despediram-se com grandes demonstrações de afeto os que muito se amavam, apartaram-se enfim, e, se tomardes logo o pulso ao mais enternecido, achareis que palpitam no coração as saudades, que rebentam nos olhos as lágrimas, e que saem da boca alguns suspiros, que são as últimas respirações do amor. Mas, se tomardes depois destes ofícios de corpo presente, que achareis? Os olhos enxutos, a boca muda, o coração sossegado: tudo esquecimento, tudo frieza. Fez a ausência seu ofício, como a morte: apartou, e depois de apartar, esfriou.


A ausência. O que mais o ser humano teme, é cair no esquecimento. Comparar a ausência à morte, assusta. Mas convenhamos, sabemos que acostumamos com aquilo que não temos mais. Tudo se esfria. Mais rápida que o tempo, a ausência ainda deixa resquícios no coração daqueles que amam.. ambas deixam motivos para que volte-se a amar. Novamente, a gripe. Ela passa, mas pode voltar não é mesmo? Será que há algo mais definitivo?

(...)O terceiro remédio do amor é a ingratidão. Assim como os remédios mais eficazes são ordinariamente os mais violentos, assim a ingratidão é o remédio mais sensitivo do amor, e juntamente o mais efetivo. A virtude que lhe dá tamanha eficácia, se eu bem o considero, é ter este remédio da sua parte a razão. Diminuir o amor o tempo, esfriar o amor a ausência, é sem-razão de que todos se queixam; mas que a ingratidão mude o amor e o converta em aborrecimento, a mesma razão o aprova, o persuade, e parece que o manda. Que sentença mais justa que privar do amor a um ingrato? O tempo é natureza, a ausência pode ser força, a ingratidão sempre é delito. Se ponderarmos os efeitos de cada um destes contrários, acharemos que a ingratidão é o mais forte. O tempo tira ao amor a novidade, a ausência tira-lhe a comunicação, a ingratidão tira-lhe o motivo. De sorte que o amigo, por ser antigo, ou por estar ausente, não perde o merecimento de ser amado; se o deixamos de amar não é culpa sua, é injustiça nossa; porém, se foi ingrato, não só ficou indigno do mais tíbio amor, mas merecedor de todo o ódio. Finalmente o tempo e a ausência combatem o amor pela memória, a ingratidão pelo entendimento e pela vontade. E ferido o amor no cérebro, e ferido no coração, como pode viver? O exemplo que temos para justificar esta razão ainda é maior que os passados.
E se a ingratidão ressuscita o aborrecimento até nos mortos, como achará amor nos vivos? (...)


Bem, a Ingratidão parece mesmo muito eficaz!!! Nada melhor do que quando não há mais motivos para amar, quando percebe que simplesmente o ser amado não merece o amor. Mas será então que não há uma alternativa menos dolorida para o amor? Sempre deve ser sofrido, doloroso..com separações, rancores, cicatrizes. Será que há uma esperança?

(...)É pois o quarto e último remédio do amor, e com o qual ninguém deixou de sarar: o melhorar de objeto. Dizem que um amor com outro se paga, e mais certo é que um amor com outro se apaga. Assim como dois contrários em grau intenso não podem estar juntos em um sujeito, assim no mesmo coração não podem caber dois amores, porque o amor que não é intenso não é amor. Ora, grande coisa deve de ser o amor, pois, sendo assim, que não bastam a encher um coração mil mundos, não cabem em um coração dois amores. Daqui vem que, se acaso se encontram e pleiteiam sobre o lugar, sempre fica a vitória pelo melhor objeto. É o amor entre os afetos como a luz entre as qualidades. Comumente se diz que o maior contrário da luz são as trevas, e não é assim. O maior contrário de uma luz é outra luz maior. As estrelas no meio das trevas luzem e resplandecem mais, mas em aparecendo o sol, que é luz maior, desaparecem as estrelas. O mesmo lhe sucede ao amor, por grande e extremado que seja. Em aparecendo o maior e melhor objeto, logo se desamou o menor.


Depois de convercer-se de que sarar dessa enfermidade não é nem um pouco fácil (sim, ele me convenceu! rs) Eis uma luz. Melhorar de objeto. Encontrar outro amor. Maior, por consequência, melhor. Capaz de fazer com o que o outro se torne menor, se apague, suma, desapareça. Bem, se é tão bom amar, se é tão bom sentir esse sentimento, não há mesmo melhor remédio para o amor do que outro amor, e o melhor de tudo, não é sofrido. Parece perfeito, não?
A única coisa que o Viera não soube explicar, e nem ele e nem ninguém, é se é possível escolher.
Resta-nos torcer, para poder padecer do melhor de todos os remédios!

segunda-feira, abril 13, 2009

Música deveras conveniente


All I'll can ever be to you
Is a darkness that we know,
And this regret I got accustomed to.
Once it was so right
When we were at our high,
Waiting for you in the hotel at night.
I knew I hadn't met my match,
But every moment we could snatch,
I don't know why I got so attached.
It's my responsibility,
And you don't owe nothing to me,
But to walk away I have no capacity.
He walks away,
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your way,
In this blue shade
My tears dry on their own.
I don't understand,
Why do I stress a man,
When there's so many bigger things at hand,
We could've never had it all,
We had to hit a wall,
So this is an inevitable withdrawal.
Even if I stop wanting you
A perspective pushes true,
I'll be some next man's other woman soon.
I couldn't play myself again,
I should just be my own best friend,
Not fuck myself in the head with stupid men.
He walks away,
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your way,
In this blue shade
My tears dry on their own.
So we are history,
Your shadow covers me,
The sky above
A blaze
He walks away,
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your way,
In this blue shade
My tears dry on their own.
I wish I could say no regrets,
And no emotional debts,
Cause as we kiss goodbye the sun sets.
So we are history,
Your shadow covers me,
The sky above a blaze that only lovers see.
He walks away,
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your way,
In my blue shade
My tears dry on their own.
He walks away,
The sun goes down,
He takes the day but I am grown
And in your way,
My deep shade,
My tears dry on their own.
He walks away,
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your way,
My deep shade,
My tears dry...
(tears dry on their own)

domingo, abril 12, 2009

Da série: coisas que não fazem mais sentido depois que você cresce

A Páscoa.

Tenho uma família grande. Grande e unida. Já foi mais, fato, mas unida. Logo, datas comemorativas sempre foram motivo de nos reunir. Assim, me lembro de como foi triste o primeiro feriado da Páscoa que não passei junto com todos. Foi estranho. Eu gosto de rituais. Acredito que eles sejam fundamentais para tornar "um dia diferente dos outros dias, uma hora diferente das outras horas". Assim, a sexta feira santa sem a torta da tia Maria, não foi a mesma coisa. Não me importava em ganhar muitos ovos de Páscoa, o que eu realmente gostava era isso: estarmos todos juntos, falando alto, brigando, rindo, comendo.. enfim, juntos.
Com o tempo, cada vez menos fomos nos reunindo nesse dia.. e cada vez menos sentido a Páscoa faz para mim.
Em tempos mais católicos, respeitava e seguia toda a simbologia que envolve esse dia, mas hoje, tenho uma outra visão.Ainda respeito, não vou fazer um churrasco na sexta feira da Paixão. Simplesmente porque tem todos os outros mil dias no ano para se fazer um churrasco. Se vc não quer não comer carne vermelha, tudo bem, mas fazer um churrasco é apenas uma afronta. Uma afronta gratuita. Mas o que eu simplesmente não compreendo é a finalidade de tanta simbologia: Por que deixar de tomar refrigerante durante a quaresma? Por que não comer carne vermelha no dia da paixão?De que vale atravessar uma ponte inteira de joelhos? Por que essa exaltação do sofrimento!?

Seria válido se tudo isso provocasse mudança de comportamento. Se depois de deixar de comer carne vermelha, você fosse capaz de pensar também na criança que não ganha ovo de páscoa e do quanto isso é importante pra ela. Se ao atravessar a ponte de joelhos para agradecer uma graça, você se lembre de que não custa nada ir até um hospital arrancar um sorriso de alguém que passou o feriado dentro de um quarto. Ou ainda que ao fim da quaresma, vc perceba que ficar sem tomar refrigerante não é sacrifício nenhum, sacrifício é sustentar uma família com um salário mínimo.

Se a Páscoa seria um momento de renascer, renovar e aceitar a lição de amor deixada por Cristo, penso que os cristão a banalizaram completamente. Escondem-se atrás de um monte de simbologias criadas sabe-se lá por quem e continuam com seu espírito mediocre.

Não sei se posso ainda me considerar católica. Prefiro me considerar apenas cristã. Procuro evitar que os dogmas de uma igreja não me ceguem com relação a lição mais bonita que existe relacionada a essa data: a possibilidade de ressuscitar. Ressuscitar os sentimentos bons, fazer nascer alguém que não existia dentro de você, e aos poucos, servir de exemplo, fazer a diferença.

Feliz Páscoa! Que vcs possam apreciar seus chocolates, curtir suas famílias, amigos, namorados.. e pensar, pelo menos um pouco, no que realmente esse dia significa.

sábado, abril 11, 2009

Salto alto, unhas vermelhas, o gloss fecha o visual maquiado e noturno. Os olhos escuros, o rímel, o blush para dar um ar saudável a pele.. Sai pela porta e deixa o rastro do perfume junto com o barulho das chaves do carro. É um ritual.
Todos os fins de semana, a cena se repete. Prepara-se pra uma noite que já sabe como vai ser..
Não entendia mais porque insistia em seguir esse mesmo caminho se ele parece já não fazer mais sentido.
A bebida faz que com que se enquadre na ditadura da felicidade, ri muito, dança, sente-se invencível, poderosa, absoluta. Tudo enganação. No fim da noite, junto com o sono, a decepção para consigo. Deixou-se levar mais uma vez.. enganou-se por mais um sábado. E fará isso mais quantas vezes?
Não quer mais se sentir obrigada a ser feliz. Queria realmente estar feliz, plenamente feliz. Não queria mais apenas conformar-se com o que tem e acreditar que poderia ser feliz apenas assim. Falta-lhe ambição, aliás, não permitem a ambição. Consideram-lhe ingrata.
Quem consideram? Quem são esses que importam tanto? Que sufocam, pressionam?
Apontam, julgam, determinam em meio a suprema vaidade humana. Julgam-se capazes de afirmar categoricamente o que é melhor para você. E você se esforça para agradá-los.
Estava realmente farta. Não queria mais colocar o salto alto. Não queria mais preocupar-se em impressionar. Não queria mais procurar pelo que não existe. Queria já ter encontrado e então, poder viver outro momento, criar novos rituais, ter novas ambições..
Queria querbar o seu ciclo, seguir um novo caminho, ser uma nova pessoa.
Queria..
falta-lhe coragem. É fraca. E acima de tudo, medrosa. Mais fácil culpar a tudo que a cerca por ser como é.. difícil reconhecer que enquanto puser a culpa n'Eles, continuará assim... vazia.

A palavra é meu domínio sobre o mundo

"Eu te odeio", disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. "Eu te odeio", disse muito apressada. Mas não sabia sequer como se fazia. Como cavar na terra até encontrar a água negra, como abrir passagem na terra dura e chegar jamais a si mesma?"


....


"Eu já começara a adivinhar que ele me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra."

...



Por enquanto estou inventando a tua presença

....

O que me atormenta é q tudo é 'por enquanto', nada é ' sempre'“.

....

Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse sempre a novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias

.....

Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.

...

Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam.


Clarice Lispector.

sábado, abril 04, 2009

Interessam? ou não?

Houve um tempo em que esse blog era mais movimentado. Costumava escrever sempre, sobre diversos assuntos... ultimamente, "malemá" posto um texto que nem sequer é de minha autoria! Não sei ao certo o que me fez parar de escrever, mas ando meio "sem inspiração". Acho que não tenho mais tanta disposição pra refletir sobre os porquês (os tantos porquês) da vida.
Bom, mas como nunca se abandona de vez uma paixão, volto com um novo texto! voilá!

Mentiras sinceras


Peguei o livro que estava sobre a mesa e passei os olhos pela contracapa: Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer.” (Graciliano Ramos)

A palavra foi feita para dizer. Ao mesmo tempo que pareceu uma afirmação obvia tornou-se esclarecedora. É curioso como o obvio ainda causa espanto. Pois então não é assim que deveria ser? Não deveria ser esse o único objetivo das palavras? Dizer. Simples assim.

Dizer, não mentir. Dizer, não enganar. Dizer, não enrolar. Dizer, não falsear.
Pensei em todas as palavras que escuto todos os dias e quais delas realmente diziam alguma coisa. Em quantas delas são absolutamente desnecessárias. E como eu ficaria muito melhor sem nunca tê-las ouvido.

As pessoas se esquecem que a palavra tem autoridade sobre as coisas do mundo. Ou seja, a partir do momento em que é dita, pressupõe-se que é uma verdade. Porém o sentido anda tão banalizado, que os valores se inverteram: partimos do princípio de que é uma mentira. Mentira sincera, mas mentira. Que leva tempo e paciência para atingir o status de verdade.

Falsos elogios. Falsas saudades. Falsos cumprimentos. Que são proferidos por hábito, sem nenhuma consciência do que significam. Azar daqueles que porventura, acreditam.

Pois foi essa última frase que me fez escrever correndo o risco de até mesmo cair nesse mesmo erro. Afinal, as palavras são sedutoras, enganam, confundem, dissimulam... É fácil esconder-se por de trás delas.

Graciliano Ramos refere-se ao ato de escrever, quem já leu uma obra dele sabe bem o porquê dessa afirmação: frases curtas, diretas, intensas. Em uma frase Graciliano é capaz de tocar. Até mesmo seus personagens, Fabiano, de Vidas Secas, não sabe falar, se atrapalha com as letras, mas o narrador é capaz de expor toda sua complexidade interior, sem muitos rodeios... com as mesmas frases simples e definitivas.

E é isso que eu quero: palavras simples, mas definitivas. Que digam, e por dizer, construam realidades.

Cazuza que me perdoe, mas mentiras sinceras, não me interessam.

quinta-feira, março 05, 2009

Lembrei dessa música...

Um clássico. E como todo clássico... bem.. e não é que é? 

Quem um dia irá dizer que existe razão 
Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer 
Que não existe razão? 


Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar 
Ficou deitado e viu que horas eram 
Enquanto Mônica tomava um conhaque 
Noutro canto da cidade 
Como eles disseram 

Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer 
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer 
Foi um carinha do cursinho do Eduardo que disse 
- Tem uma festa legal e a gente quer se divertir 
Festa estranha, com gente esquisita 
- Eu não tou legal, não agüento mais birita 
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais 
Sobre o boyzinho que tentava impressionar 
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa 
- É quase duas, eu vou me ferrar 

Eduardo e Mônica trocaram telefone 
Depois telefonaram e decidiram se encontrar 
O Eduardo sugeriu uma lanchonete 
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard 
Se encontraram então no parque da cidade 
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo 
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar 
Mas a menina tinha tinta no cabelo 

Eduardo e Mônica eram nada parecidos 
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis 
Ela fazia Medicina e falava alemão 
E ele ainda nas aulinhas de inglês 
Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus 
De Van Gogh e dos Mutantes 
Do Caetano e de Rimbaud 
E o Eduardo gostava de novela 
E jogava futebol-de-botão com seu avô 
Ela falava coisas sobre o Planalto Central 
Também magia e meditação 
E o Eduardo ainda estava 
No esquema "escola, cinema, clube, televisão" 

E, mesmo com tudo diferente 
Veio mesmo, de repente 
Uma vontade de se ver 
E os dois se encontravam todo dia 
E a vontade crescia 
Como tinha de ser 

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia 
Teatro e artesanato e foram viajar 
A Mônica explicava pro Eduardo 
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar 
Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer 
E decidiu trabalhar 
E ela se formou no mesmo mês 
Em que ele passou no vestibular 
E os dois comemoraram juntos 
E também brigaram juntos, muitas vezes depois 
E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa 
Que nem feijão com arroz 

Construíram uma casa uns dois anos atrás 
Mais ou menos quando os gêmeos vieram 
Batalharam grana e seguraram legal 
A barra mais pesada que tiveram 

Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília 
E a nossa amizade dá saudade no verão 
Só que nessas férias não vão viajar 
Porque o filhinho do Eduardo 
Tá de recuperação 

E quem um dia irá dizer que existe razão 
Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer 
Que não existe razão?


quarta-feira, fevereiro 11, 2009



Ganhei esse selinho do Du, do blog http://www.dacordasuapaz.blogspot.com/, o qual, aliás, é excelente!!! Muito Obrigada, Du! e continue escrevendo seus textos tão suaves e bonitos!!
Bom, agora tenho que continuar né? Seguir as regras.. vamos lá!

1- Exiba a imagem do selo “Olha Que Blog Maneiro” Que vc acabou de ganhar!!!
2- Poste o link do blog que te indicou.(muito importante!!!)
3- Indique 10 blogs de sua preferência;
4- Avise seus indicados;
5- Publique as regras;
6- Confira se os blogs indicados repassaram o selo e as regras;
7- Envie sua foto ou de um(a) amigo(a) para olhaquemaneiro@gmail.com juntamente com os 10 links dos blogs indicados para verificação. Caso os blogs tenham repassado o selo e as regras corretamente, dentro de alguns dias você receberá 1 caricatura em P&B !

Os blogs indicados são:
1) http://maisqueblablabla.blogspot.com/ (companheira de IEL)
2) http://diantedachance.blogspot.com/ (Diego, já pensou em escrever novelas? rss)
3) http://www.blogdocreco.blogspot.com/
4) http://liquimix.zip.net/ (também parceira de IEL, doutoranda! aliás!)
5) http://complexodepagu.blogspot.com/ (a socióloga que devia voltar a escrever mais..)
6) http://poetasbarrota.blogspot.com/ (meus poetas favoritos)
7) http://perolasdamimi.spaces.live.com/ (só da IEL aqui..rss)
8) http://modeloclassico.blogspot.com/
9) http://junioroliveira.blogspot.com/
10) http://www.interney.net/blogs/gravataimerengue/

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Era uma vez...


No castelo, vivia um princesa. Ela pintava as unhas de vermelho e gostava de fazer caretas na frente do espelho. Ela detesta quando levanta e ainda está escuro, também quando deita já está claro. Igual a quando misturam doce com salgado na comida. Cada coisa no seu lugar, não é mesmo?
Não era uma princesa como as outras. Nem sequer sabia cozinhar e seu castelo, nem era lá aquelas coisas. Ora, será que ela era mesmo uma princesa? Ela mesma se questionava sobre isso, afinal, como poderia ser uma princesa..parecia tão..tão.. normal! Não acordava bem humorada, não sorria a todo tempo, derrubava tudo, quebrava tudo, tropeça, cai.. onde estava aquela sutileza e delicadeza de gestos e atos narradas nos contos de fadas?Com certeza, tinha todos os motivos para duvidar da sua "realeza"...
Poderia não ser uma princesa perfeita como parecem ser as outras... mas sonhava como todas elas. Quando menos se esperava, ela já se via pensando nele. O princípe.. que não viria no cavalo branco, mas que seria aquele capaz de a fazer rir em uma terça feira qualquer. Aquele que implicaria com uma mania sua, ao passo que ela implicaria com o jeito que ele arruma o cabelo. Gostariam da mesma música e odiariam muitas outras. Teriam olhares em comum, através do qual se entenderiam sem maiores explicações. E com o tempo, saberiam até prever qual seria o gesto ou a palavra. E ela gostaria de fazer as coisas para agradá-lo só para depois poder vê-lo sorrir. Em seus sonhos, tinha certeza, de que adoraria vê-lo sorrir. Não precisariam de exageros e declarações apaixonadas, porque já saberiam. Estaria dito a todo momento. E seriam felizes para sempre. Mesmo que o pra sempre... não exista.
Fim!

segunda-feira, novembro 17, 2008

Suspiro

Logo pela manhã o sol já gritava na janela. Era o Verão. Mais um verão. Escondeu as meias no canto da gaveta e fechou as blusas no armário sem nem sequer se despedir. "Adeus, Inverno.."

Estava feliz em receber o verão pela janela mais uma vez. O querido amigo Verão, aquele que sempre traz tantas histórias. As melhores, por sinal! Os melhores fins de tarde, os melhores amigos, as melhores paixões..


"Ahh... o Verão! o que seria da minha vida sem vc? Muito mais sem graça, com certeza!"respondeu a si com toda convicção. O mais triste do verão, é quando ele acaba. Parece que junto com o sol, vai todo aquele vigor, aquela sensação de que tudo é possível, de que não existem amarras e tudo pode acontecer.

Mas não era nisso que queria pensar diante daquele sol. Não queria lembrar dos verões passados. Não queria lembrar do que se sucedeu a eles. Afinal, aquele sol já não era o mesmo. Afinal, ela já não era a mesma. De um verão para o outro, sentia muito mais que um ano.. não dizia como todos, não sentia que tinha passado rápido. Sentiu cada mês desse longo ano. Viveu cada segundo de cada dura conversa. Sentiu pesadamente os dias até cada dor passar. E sorria enquanto tudo isso acontecia e parecia não mais acabar. Viveu cada noite de festa como se fossem intermináveis momentos de alegria.Definitivamente.. nunca esperou tanto por um novo verão.

E esperou poder acreditar nesse novo verão.. e o sol estava ali. Mostrando que ele tinha chegado.

E ela acreditava.

sexta-feira, novembro 07, 2008

Felicidade?!?

Lóri estava suavemente espantada. Então isso era a felicidade. De início se sentiu vazia. Depois seus olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que é que eu faço? Que eu faço com a felicidade? que faço dessa paz estranha e aguda que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio de espaços? A quem dou minha felicidade que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta. Não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade.
(O livro dos prazeres, Clarice Lispector)

Quando era mais nova não gostava de ler Clarice. Não gostava porque eu não entendia. E na verdade, ainda não sei se entendo. Ou melhor, sei. Não entendo. Não é para entender. Vc passa a entender Clarice quando vc sente. Parece uma frase "emo", mas é assim que eu encaro a literatura da Lispector. É algo que vc lê, e não consegue guardar pra vc, quer compartilhar, quer discutir, entender... e isso acontece porque ela penetra a fundo no ser humano. Ela teve a coragem de escrever o que todo mundo sente.
Todos nós já fomos como a Lóri em algum momento (senão em vários). O ser humano não gosta de ser feliz, é só ele se sentir feliz e já busca um outro motivo para se chatear. A velha disputa do "quem sofre mais". É mais louvável ser sofrível, ser feliz não é interessante. Todos dizem ser felizes, estarem felizes.. da boca pra fora, na primeira brecha que têm, buscam a mediocridade, algo que os faça querer mais. Mais felicidade.. Esta não está boa. Esse é o vazio.
Fala-se tanto em buscar a felicidade, procure o que te faz feliz, faça o possível pra ser feliz... e, será que ninguém nunca se perguntou se essa busca é eterna? Afinal, nunca ouvi alguém dizer: "Ah, agora sim, estou feliz, não preciso de mais nada." Só vejo pessoas dizendo incessantemente que estão buscando ser felizes..
Creio que todos sintam como a Lóri, na hora que se dão conta de que encontraram a felicidade, sentem um vazio. "E agora?". O que fazer com essa felicidade.. "tá e aí?". E por não se contentarem com ela, vivem na mediocridade, na busca de uma felicidade que não existe, que está sabe-se lá onde, inalcansável.
É difícil assumir as fraquezas humanas. Uma vez que são tantas! E muitas vezes, tão fúteis. Por isso que ler Clarice dói, porque ela fala. E vc se reconhece, mas não quer se reconhecer. Prefere continuar no "jogo do contente".. vestindo as máscaras que nos escondem de nós mesmos.

sábado, outubro 11, 2008

Mire e Veja:

Acordou num sobressalto. Olhou o visor do celular, ainda com a visão embaçada de quando levantamos de um sono profundo. Não era a hora de acordar, ao mesmo tempo, sentiu alívio e cansaço. Alívio por poder passar mais alguns minutos deitada na cama. Cansaço justamente pelo poucos. Os poucos que poderiam ser muitos...
Um novo sobressalto. Perdeu-se. Deixou-se levar. Agora, poucos eram os minutos antes de começar o dia. Enquanto se vestia, uma série de pensamentos vinham a mente.. que dia era mesmo? quais aulas? o material está aqui ou no armário? à tarde, vou dormir.. com certeza.. não quero saber!!!
Aos poucos tudo vai se encaixando.. e o trauma do despertar já não mais pertuba. Seria um dia como outro qualquer..
Seria? Nunca é.
Quando se vive cercado de pessoas, percebe-se que um dia nunca é igual ao outro. Por mais que sejam as mesmas pessoas, a mesma rotina, o mesmo lugar. Cada dia vc descobre algo novo..
Aquele jeito do seu amigo de fechar os olhos quando dá risada que vc nunca tinha reparado. Um novo jeito de pronunciar o "s", ou um trejeito de mão ao contar uma história. Um olhar te atento ao te ouvir, quando vc achava que aquele assunto era sem importância. Ou ainda, um elogio disfarçado, pra algo que parece banal..
As pessoas são realmente fantásticas. Quando vc acha que já as conhece por inteiro, ainda é capaz de se surpreender. Como é capaz de decepcionar também. E assim, os dias parecem iguais, previsíveis, mas surpreendem, cada vez mais..
"Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando."Guimarães Rosa

quinta-feira, setembro 04, 2008

03/09/2008


3+9+2+0+0+8=22. Vinte dois anos. Quarta feira. Há 22 anos, exatamente em uma quarta feira, eu nascia. Quarta feira é o dia do signo de virgem. Meu signo.
Aparentemente, são muitas coincidências. Significam algo? As vezes, são só coincidências..
Só sei que foi um aniversário diferente.
Há muito tempo eu não ouvia o "Parabéns" cantado em sala de aula. E dessa vez, acho que foram uns quatro!!!!! E qual foi a minha surpresa também ao ver minha página de recados recheada de recados.... de alunos!!! Daqueles bagunceiros, daqueles cdf's, daqueles desligados.. váriosss.. de várias fases!! E foram eles que contribuiram para que fosse um aniversário mesmo diferente!!!

Queria agradecer.
Obrigada pela ligação interurbana. Pelo abraço que veio de longe, mas que eu senti. Obrigada pelos recados, pelas palavras coloridas ou não. Obrigada pelos telefonemas inusitados. Obrigada pelos abraços. Pelos sorrisos. Pelos desejos de felicidade. Pelo presente feito a mão. Pela ajuda com o convite. Pelo apoio. Pelo incentivo. Por aquele escolhido com cuidado. Pela cartinha. Pela lembrança de além mar. Pelo email poético. Pela passagem relâmpago. Pelos brindes de cerveja. Pela mensagem no celular. Pelo carinho pelo msn. Pelas fotos. Pelos videos. Pelo bolo com cereja. Pelo carinho... Obrigada, pela existência de todas essas pessoas lindas na minha vida. Que eu possa ser cada vez mais um pouco delas, que eu nunca esqueça esses sorrisos. Obrigada pelas pessoas que fizeram desse dia especial. Que de alguma forma se fizeram presente. Sou grata a todos por isso. E um pouco mais feliz também!

É bom quando a alegria supera as falsas promessas, o descaso e a indiferença..

Sim, realmente vale a pena!

segunda-feira, agosto 11, 2008

Em defesa da Alface:

"a gente nao sabe se quem sofre mais eh um frango, pq ele eh um animal e faz parte da mesma cadeia que a gente... ou se eh uma alface... pq ng pode ver, saber, ouvir, entender se ela sente alguma coisa"
(Sírio Possenti, professor do IEL - Unicamp, doutor em Linguistica - Análise do Discurso)

11/08/08

NEH?

sábado, agosto 09, 2008

I can change..

Fazia tempo que não voltava lá. Sempre que passava, era rápida e distraídamente, havia outros afazeres. Outros destinos: o PB ou ainda a tediosa Faculdade de Educação. Essa última terça feira, voltei. Ventava, como sempre. E as árvorezinhas da arcádia balançavam, e faziam aquele barulho tão peculiar do vento entre as folhas. O corredor, os cartazes, as pessoas. Segui para a sala do telão, a sala tava cheia e eu estava tão atordoada pro estar atrasada que nem agradeci quem tinha me entregado a folha de papel que continha o programa. Me concentrei e li a ementa: Uma viagem pela literatura latino-america contemporânea.
Definitivamente, aqui é o meu lugar. Querido IEL, como foi bom voltar!!!

...

Acordei depois de levantar a praticamente cada hora. São poucas as coisas que tiram o meu sono, uma delas (quase a única) é a ansiedade. A noite foi longa.. vários sobressaltos. E o relógio me avisava que ainda não era a hora. Por fim, chegou. Por fim. levantei para começar de novo. Tudo de novo. Novo grupo, novas regras, novo conteúdo, nova rotina, novo horário, novos alunos..
Novos alunos. Acho que foram eles que tiraram meu sono. O que será que pensariam? Será que iriam gostar? Será que vou atender às expectativas?

- Bom dia, pessoal!
-Bom dia, professora! - e o sorriso me trouxe o apoio que eu precisava.

....
episódio 1:

MURILO:

eu fui um dos finalistas da escola e fui ate a eptv quata feira

Episódio 2:

http://www.youtube.com/watch?v=SuqvIkniiIY

Eu não disse que vale a pena???


Foi um mês de Julho bem complicado. Complicado quanto às incertezas. Estou formada ou não? Estou empregada ou não? Quantas a dúvidas, e nenhuma resposta. Cansada de dizer "vamos esperar". E esperar nem mesmo ao certo pelo que. Impaciência, cansaço, decepções, reencontros.. bons reencontros! Foi um mês curto e ao mesmo tempo longo.. mas que trouxe boas respostas, boas mudanças. Agora, mais um inferno astral antes de mais um ano de vida. Um ano que eu espero que acompanhe essas mudanças, e que traga outras. Pra melhor. Sempre!

sexta-feira, agosto 01, 2008

Owner of lonely heart

Se mova, você sempre vive sua vida;
Nunca pensando no futuro;
Se submeta, você é o que se move;
Tenha suas chances, vencedor ou perdedor;
Se veja, você é o passo que dá;
Você e você e isso é o único jeito;
Agite, se agite, você é cada movimento que faz;
Então a história segue.

Dono de um coração solitário;
É muito melhor do que ser;
Dono de um coração partido;

Dono de um coração solitário.

Diga que você não quer ter essa chance;
Você se machucou muito antes;
Veja agora, a águia no céu;
Como dança, única e só;
Você, se perdeu; não foi por piedade;
Não tem nenhuma razão real pra ficar sozinho;
Seja você mesmo, dê a seu sentimento de liberdade uma chance;
Você teve que querer em obter sucesso.

Dono de um coração solitário;
É muito melhor do que ser;
Dono de um coração partido;

Dono de um coração solitário;

Depois de minha própria decisão;
Eles me confundiram bastante;
Dono de um coração solitário;
Meu amor nunca disse questionar sua vontade como um todo;
No fim você teve de olhar antes de pular fora;
Dono de um coração solitário;
E você não vai vacilar agora; não, não?

Dono de um coração solitário;
É muito melhor do que ser;
Dono de um coração partido;

Dono de um coração solitário.

Mais cedo ou mais tarde, cada conclusão;
Vai decidir o coração solitário;
Dono de um coração solitário;
Vai excitar, vai deliciar;
Vai dar um melhor início;
Dono de um coração solitário;
Não engane sua liberdade como um todo;
Dono de um coração solitário;
Não engane sua liberdade como um todo;
Apenas o acolha.

quinta-feira, julho 24, 2008

Balada

Luzes coloridas, músicas, vozes, perfumes.
Luzes que ofuscam ao invés de iluminarem,
Música que ensurdece
Vozes que soam palavras falsas, efêmeras
Perfumes que se misturam a fumaça do cigarro
Sorrisos forçados, beijos vazios
olhares tendeciosos
olhares fúteis
comentários a cerca da aparência, do estilo, do jeito..
bebidas, bebidas, bebidas
a música continua a ensurdecer..
"Never stop the music"
o som aumenta
aumenta o vazio..
o sorriso esconde a falta do brilho
Alguém percebe que ele se foi?
a bebida busca preencer o vazio que não tem fim
a droga traz a ilusão
é quando ela se vai
o vazio não vai junto.
ele fica
atormenta
incomoda
questiona..
o vazio, que não tem fim.

terça-feira, julho 22, 2008



Ela gostava de sentir o sol no inverno. Gostava muito do sol, e no inverno mais ainda, pois podia senti-lo aquecendo o seu corpo. Era como se estivessem mais próximos, como se pudesse tocá-lo de verdade, numa troca íntima e essencial.
Naquele dia, ainda com os cabelos emaranhados e o olho meio aberto, saiu do ar gélido dos azulejos e sentiu o sol daquele iverno. Ficou parada, por alguns segundos, sentido o calor que tomava suas mãos. Olhou, sentiu e soltou um leve sorriso de gratidão inconsciente.
Se pudesse ficaria o dia todo ali, apenas ela e o sol. Sem mais ninguém.Desligaria o telefone, desligaria o computador, desligaria a mente. Principalmente, a mente. É possível desligar a mente? Ela achava que era. Cada vez que vinha aquele pensamento indesejado, ela buscava fugir. Ria, se enganava, buscava algo inútil pra fazer. Não queria pensamentos sérios. Eles exigem muito de nós. Estava cansada de se sentir cansada. Esse cansaço intesgotável. Não importa o que fizesse, sentia-se cansada. Cansada da paisagem, da rotina, da mesmisse. Agradecia ao Sol. Por não se entregar ao cansaço. Compartilhava com ele seus planos e ele os enchia de brilho, esperança e vigor. Agradecia ao Sol e torcia para que ele não fosse, nem levasse com ele tudo aquilo que lhe traz uma satifação inebriante.